A epidemia da dor permanente

Há épocas acesas de projetos de felicidade, vestidas de discursos progressistas. Sente- se uma animação geral, surgem intelectuais com descrições de fantasias incríveis. Recordo-me dos iluministas, dos sonhos de democracias, de arquiteturas científicas repletas de fórmulas poderosas. Existe um renascer, uma expansão de um mundo que vai fechar as portas do mal e abrir o desejo de conviver com a sensatez.

Mas tudo isso não aconteceu. O século XX trouxe ruínas, estruturou danos autoritários com genocídios assombrosos. Continuam as desigualdades e as violências se sofisticam. A democracia não consegue superar as ambições das minorias. O progresso é um mito, a frustração consolida dores e a solidão arruína as possibilidades de estimular o fim das intrigas. A ciência não trouxe o saber que se esperava. A sociedade se assusta, os pânicos se espalham.

As religiões se envolvem com a política. Os milhões parecem atrair milagres, o cinismo se solta. Será que as doenças são fabricadas em laboratórios para tumultuar as andanças da economia? A globalização sinaliza com o medo? As bolsas de valores se instabilizam e os aeroportos se enchem da mascarados. Há o espanto do coronavírus, as quarentenas programadas e as dúvidas se firmam. A quem interessa tantos desfazeres?

O espetáculo das notícias traça verdades ou mentiras. O importante é inquietar. A sociedades não cessa de polemizar. As epidemias tomam o lugar daquelas utopias iluministas e capitalismo joga. O absurdo é uma face do pecado original? Quem inventou a história? Quem brinca? As perguntas nunca serão exterminadas e o dualismo se apresenta para promover sustos. A angústia do bem e do mal deixa um marca secreta. Temos um caminho e pedras ou um circo terminando seus malabarismos?

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