A solidão no mundo do desamparo

As vaidades não deixam o mundo e se materializam nos ganhos de quem celebra privilégios que isolam suas riquezas. O mundo desanda porque os ruídos do desamparo se estendem.As escolhas por disputas, por tecnologias que fabricam bactérias mortais, desmontam sociabilidades que poderiam supera as desigualidades e joga as armadilhas ensaiadas em laboratórios. A representação da solidão romântica, carente de nostalgias e paisagens azuis se debilita. Organiza-se uma sociedade que corre e não escuta. Os olhares são desconfiados e as ameaças desfazem as imagens de ânimos.

As ficções científicas parecem firmar suas profecias. Ninguém acreditava em computadores reveladores de segredos, em estudos para consolidar opressões imperialistas disfarçadas na exaltação do consumo. Portanto, a solidão registra a expansão de caminhos silenciosos. Não se ouve diálogos, mas estranhos murmúrios. Não é a solidão que penetra no eu e busca revelações. É a solidão do medo, da palavra solta e desconectada, sem a construção do sonho.

Os espaços são estreitos, as moradias mantêm as portas, os elevadores são mudos. As ruas se movimentam e pessoas como objetos mecânicos se fixam em vitrines.Querem espelhos para identificar seus traços e se reconhecerem. Este é o significado maior do desemparo. Os mapas dos esconderijos valem como terrenos de esquinas para edificar torres. A velocidade tritura as memórias. O ontem fica distante, não há dias , porém instantes que mascaram o tempo.

As travessias da história surpreendem e erguem enigmas. A complexidade não é uma invenção, ela cerca a vida, confunde. As proximidades são físicas e despidas de afeto. Enganam. As linguagens afirmam o que os poetas desconhecem. As fórmulas, os códigos, os alfabetos proclamam o fim de compreensões que pareciam comuns. A solidão e o desemparo erguem um mundo de obscuridades, desenhado de moedas, de monotonias. Há quem sinta brilho e arme sua idolatria. O animal social decreta falências, porém não desiste de atiçar sua cultura.

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