As dimensões do Universo, o toque da imperfeição

A ciência nos ensina sobre nossa íntima relação com o Universo: a matéria da qual somos feitas é também a de estrelas , planetas e luas. A bela afirmação, acima, é de Marcelo Gleiser. Ele é professor de física teórica, em Hanover nos Estados Unidos. Tem vários livros e artigos publicados. Escreve na Folha de São Paulo sobre temas relacionados com a sua pesquisa. A citação é de um artigo intitulado Em busca do significado, onde o autor faz entrelaçamentos importantes e nos levar a pensar a complexidade do cosmos. Tudo como muita leveza, mostrando como o mundo possui mistérios que devem ser debatidos, sem opressões ou jogos de poder. Marcelo ressalta nossa incompletude, as imperfeições tão comuns aos humanos, sem provocar angústias, nem decretar os caminhos da salvação, mas destacando as transformações e os seus significados.

É fundamental que não isolemos o conhecimento, que as especializações não se aprofundem na perspectiva de criar impérios acadêmicos, soberanias negociadas com os monopólios dos sistemas dominantes. Marcelo segue a sabedoria e não, a arrogância. Para mim, o sentido não está  na ciência em si, mas na busca pelo conhecimento. Talvez, seja também como o músico, que dá sentido a sua busca tocando seu instrumento. As técnicas nos dão meios, mas não são um fim em si mesmas. É tocar, dividir com os outros, que importa (Marcelo). A criatividade pode ser uma moeda, se a sociedade se organiza em função de mercados. Ela corre o risco até de se diluir, deixando a imprevisibilidade e a magia, entretendo-se em visualizar a acumulação veloz de objetos.

Quando articulamos os conhecimentos, desde que as primeiras perguntas surgiram, a pretensão de que ele esgote os mistérios é escorregadia. Temos dúvidas parecidas, não importa o tempo ou a época. Isso é foco das aproximações e o aguçamento da sensibilidade. O não entendimento imediato da linguagem do outro é limite que depende da autonomia de cada um. Dialogar com as diferenças é estender as sabedorias, mesmo que os sinais demorem a ser assimilados. A mundo da pressa despreza a contemplação. Há  multiplicações de números, de códigos que preservam a mesmice e armam as manipulações dos lucros. É o fixar da solidão mesquinha, material, anêmica.

Não esqueça que a arte, a religião, a ciência não pertencem a lugares estranhos ao cotidiano que vivemos. Se tudo estivesse deslocado, em labirintos fechados, a cultura não teria atiçado a construção da história. Pergunta-se, mas se responde quando é possível. Isso não impede que o conhecimento mergulhe e volte com fôlego. A racionalidade não é o único caminho. Existem desejos, sentimentos, imaginações, espelhos e, sobretudo, significados e narrativas. Cabem escolhas, paciências poéticas, afetividades silenciosas, olhares serenos. Marcelo Gleiser, no seu artigo, nos convida a sentir que a estética cósmica  foge dos espetáculos midiáticos. As conexões podem fazer sonhar com o infinito. Não existe uma solução única para nossos anseios. Não sei onde se encontra sentido para sua vida. No meu caso, a busca se desdobra em muitas trilhas ( Marcelo).

You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0 feed. You can leave a response, or trackback from your own site.

2 Comments »

 
  • Pablo Fontes disse:

    Professor, a ambição humana por poder é muito maior por conhecimento, que deveria ser utilizado para auxiliar a evolução da humanidade. O “endeusamento” da razão e suas tecnologias só serve para aumentar as relações frias e egoístas, além de aumentar a exploração do homem pelo homem. Mas, enquanto há vida há esperança.

  • Pablo

    Há sempre um lugar para mudança. Isso ajuda a manter a esperança.
    abs
    antonio

 

Deixe uma resposta

XHTML: You can use these tags: <a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <s> <strike> <strong>