As histórias e os sentimentos da vida

A sociedade exige que nos envolvamos com o mercado. Uma movimento incrível, marcado com anúncios e delírios, em busca de uma felicidade fabricada com muita sutileza. Mesmo assim há um deslocamento afetivo que atinge a maioria. Há quem curta um passeio ao shopping, um olhar apaixonado pelos modelos das vitrines. O tempo rápido e o desejo dão voltas imensas. Estamos no reino das mercadorias e nos confundimos. Os sentimentos nunca deixam de existir0, não firmam uma objetividade. Tudo se balança, as incertezas ocupam espaços e os enganos registram feitos inesperados.

A história se constrói com arquiteturas surpreendentes. As ilusões são necessárias, mas escorregadias. Observamos o passado, visitamos infâncias e travessuras. A saudade aparece. Ela é uma forma de manter pertencimentos. Esquecemos, porém há sempre vestígios do que foi vivido. Cada um cultiva lembranças, atravessa nostalgias, maldiz tristezas insistentes. As imagens dos paraísos animam aqueles que escondem os perigos. A história é um mergulho na heterogeneidade, traz mobilidades, nos mostra abismos ou espelhos sedutores.Há uma indefinição perturbadora.

Na pressa cotidiana, a reflexão se recolhe. O trabalho assalariado toma tempos, congela dúvidas, maltrata. Por isso, a sociedade e as concepções dominantes se envolvem com o consumo. Comprar significa, para muitos, uma forma de sobreviver.O presente fica espremido, há dificuldade de buscar projetos. Não é à toa que os pontos de fugas atuam e multiplicam saídas. No entanto, falta profundidade e as repetições incomodam. Nem é sem razão que inventamos as histórias, desenhos cotidianos e que a cultura nos chama para criatividade. Tropeçamos, pois a famosa incompletude é companheira das nossas tergiversações, não podemos rasgar as páginas das suas aventuras.

Os sonhos de onipotência aparecem. Tomam contas da religiões, das políticas. São frágeis. O absoluto tem seus malabarismos não convence ou provoca frustrações. Se os sentimentos se movem, não como querer paralisá-los para reencontrar o equilíbrio.  Às vezes é preciso descanso, conversar com as covardias e as coragens, compreender as contradições. Anular as idas e vinda, ser escravo da linearidade é decretar a morte. Firmar dogmas é se desfazer das instabilidades. Há que se vista com o perdão, para sufocar os sentimentos. Quando não visitamos os diálogos interiores, as histórias se esfacelam, os sentimentos se tornam esquisitos. As conversas nos trazem o mundo, na sua nudez e nos seus refúgios.

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