As intrigas agitam os ritmos do mundo da bola

A competição faz ferver os  ânimos. Não somente os clubes mostram suas rivalidades. As dificuldades na profissão puxa invejas, traz frustrações. Muitos times se prejudicam, porque a questão do salário incomoda. Há os jogadores especiais e os que ficam fora dos privilégios. Vivemos numa sociedade alimentada por hierarquias e desigualdades. Seria posível pensar uma democracia no terrreno do futebol ? A ingenuidade foi ali na esquina e não voltou.

O Fluminense tem sido vítima de intrigas internas. Os goleiros Fernando Henrique e Rafael não se entendem. Um seca o outro. Além disso, existem as estrelas, com ganhos altíssimos. Lá estão Fred, Conca, Deco recebendo uma grana bem avantajada. Na comparação, muitos do time estão a ver navios.Nem todos aguentam os desníveis. O tricolor caiu de produção, perdeu pontos inexplicáveis. As tensões sempre deixam seus vestígios.

Ciro, artilheiro do Sport, anda destilando mágoas. Sente-se injustiçado e ainda é pressionado pela família. Propostas assanham seu desejo, prometendo transferência para o sudeste. Ciro, o desconsolado, chora nos treinos e  evidencia suas insatisfações , quando é substituído. Ele precisa de cuidados e Geninho sabe disso. A aventura do dinheiro atrapalha a concentração e adia a possibilidade do gol.

O caso Neymar teve desfecho. A direção do Santos articulou a saída do técnico. Não há negar que o jogador é um talento. Sua presença muda a composição de qualquer equipe. O futebol possui, contudo, sorte e azares. Ganso estava arrasando, mas uma contusão forçou sua saída. Não subestimemos os desencontros da vida. As polêmicas estão acesas. O consenso desapareceu. O Santos perdeu, ontem, mesmo com Neymar.

No Palmeiras, Felipão se impacienta. Reclama dos juízes, quer craques para montar o time dos seus sonhos. Até o presidente Beluzzo adoeceu. Será que é a instabilidade? Os jogadores mudam de clube, com uma velocidade notável. Não dá para criar uma ambiente de camaradagem. Poucos analisam, com objetividade, os estragos do  tilintar das moedas. Miram as vantagens imediatas. Morrem nas armadilhas das esperanças.

Outra figura controvertida é Luxemburgo. O Atlético de Minas não se acerta. Falam que ele tem direito a uma multa contratual extraordinária. Não pede para sair e contratou jogadores, sem muito critério. Começam a fofocas e as acusações dentro do elenco. A torcida   exige transformações, atitudes. A coisa desanda e há receio de ações violentas.

O futebol tem cada vez menos transparência. Quando virou um grande negócio, complicou-se. A ambição tumultua, mais intensamente, os projetos mal elaborados. Muitos não percebem que a diversão ocupa lugar milionário no mundo capitalista. Suar a camisa sem receber os salários? Quem lucra aparece na hora da vaia ou se mascara?

A apatia não se tece à toa. As torcidas especulam sobre as derrotas,  temem a desclassificação. O descontrole está interligado com as relações de poder dominantes. O futebol  consolida lugares de ascensão social, para muitos, mágicos. O jogo é coletivo, mas a sociedade não dá bolas para a solidariedade. Exalta o individualismo, despreza o afeto. O vulcão da disputa agita e queima, não perdoa quem não compreende o calor do seu movimento.

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2 Comments »

 
  • Érico disse:

    Luís Fernando Veríssimo afirmou que vive-se no Sul do país um clima igual ao do udenismo x Vargas e o do pré-64.

    Enquanto isso, parece que estamos nas nuvens…

    Difícil.

  • Érico

    O clima mesmo é de um pragmatismo solto, fruto de uma competição sem limites. Com essa agitação sem rumo, podemos naufragar…
    abraços
    antonio paulo

 

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