As leituras da história: tolerâncias e dogmas

O mundo do conhecimento pode não ter muros. As portas se abrem, Há diversidades juntas com concorrências. Não vamos desenhar ingenuidades. A ciência continua produzindo poderes, alguns arrogantes e cheios de dogmas. Parece estranho, mas as controvérsias não deveriam causar intrigas. Seria interessante que elas abrissem diálogos. Não somos torres inabaláveis, nem a solidariedade é companhia permanente. Queremos decifrar desencontros, renovar a cultura, desfazer paradigmas. Tudo isso custa inquietudes.Há quem se vista com a arrogância. A ciência se torna a doutrina, para evitar que as inseguranças sejam reveladas.

Não há como analisar a interpretação com conceitos definitivos. Os tempos se balançam, Comte trouxe suas contribuições, Nietzsche incomodou seus contemporâneos, Benjamin não abandonou a sensibilidade. É importante assinalar os entrelaçamentos, as fragilidades, os conflitos. No entanto, cristalizar verdades para interpretar a história cria suspeitas. Não há autores que dê conta das mil aventuras humanas. Há retornos, diálogos, ainda hoje assistimos às tragédias gregas. Não escutar os outros, desaconselhar quando é preciso cuidar dos escorregões, fermenta disputas vaidosas e traiçoeiras. Quebram-se possibilidades coletivas e atraentes. Traça-se a arquitetura do pesadelo.

A homogeneidade não adormece, ela traz mesmices. A violência desestabiliza. Anular o outro é prática fascista que o mundo do conhecimento poderia desmantelar. Restam muitas perguntas e as respostas possuem suas vacilações. Como jogar fora as estratégias de competição do capitalismo? Como derrotá-las e mudar o ânimo para ampliar as convivências mais cotidianas? Dizem que nada é para sempre. Quem apaga as ruínas, quem define a memória, quem mantém os afetos? Se o reino das vendas e trocas não se vai, a contaminação é geral. O conhecimento termina fixando seu preço e as histórias seus valores. Explodem as pontes e os abraços mostram o peso dos negócios.Os corpos envelhecem escrevendo marcas que denunciam suas amarguras, desinventam a mudez das formas..

A sociedade não se firma sem linguagens. Elas atormentam, aliviam, aprisionam ambições. Somos metáforas, sintetizamos hábitos. Estamos nas travessias de despedidas e encontros. Como disse Guimarães Rosa o sertão está em toda. Portanto, a aridez dos lugares indica que alguém quer respirar e calar o medo de pedir ajuda. Os sentimentos recebem nomes, variam, transitam pelas histórias. Se o outro representa um incômodo, interrogações se consolidam: Como anular a dissonância? Como abrir as portas da indiferença? A guerra não se faz apenas com armas mecânicas. Ela denuncia afetos mal resolvidos, próximos, silenciosos. As garantias somem destruídas pela falsa profecia do eterno.

 

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