As leituras do mundo: a opinião e as redes sociais

Estou criando experiência no chamdo mundo virtual. Não gosto de me chegar às aventuras sem estimular reflexões e derrubar preconceitos. Escrevo no blog, desde 2010, cotidianamente. Um desafio que ensina muita coisa. Contato com pessoas, diálogos com o mundo, percepção mais aguda dos deslocamentos sociais. É importante acompanhar a renovação, não ficar achando que o descartável é o rei absoluto do contemporâneo. Por isso, não há sossego. Também vou adiante nas minhas leituras e não elejo só o que passou como foco das análises. Sinto-me um aprendiz. O mundo não cessa de se reinventar. Esconder-se é uma omissão, uma perda de sintonia com a coletividade.

Recentemente, estou circulando e atuando no facebook, auxiliado  por Marcelo, meu filho mais novo. Novas linguagens, opiniões diversas, imagens soltas, vontades de transformação. Forma-se outro lugar de debate, de encontro, de redimir os afetos. Tudo isso é agitado, ganha velocidade com as conquistas tecnológicas. Desenham-se os avessos. Muitas vezes, celebram-se opiniões passageiras e perde-se o apego por leituras mais reflexivas. Um perigo para quem busca exercer a crítica. Os mergulhos não podem ficar na superfície, pois a dominação gera preguiça e nos enche de fantasias. Portanto, a inquietação é saudável e deve firmar incômodos consistentes. O tempo se vai, confundindo e alertando.

Articular as críticas e os lugares de protesto traz dinamismo e olhar mais paciente para se compreender as ambiguidades. As diferenças não deixam de ser desconfortáveis. Elas revelam mecanismos de poder nada democráticos, mas sabe fabricar ilusões. Sociedade carente de socialização de riqueza e de cultura não se afirma como democática. Os discursos pesam, porém as ações morrem nas gavetas. A burocracia é uma forma esperta de censura. Desgasta, corta ânimos e simula dificuldades. Sem instituições a sociedade não anda. No entanto, é preciso não mumificá-las. Nenhuma ordem é para sempre. Daí, a necessidade de esticar a opinião, visitar os labirintos, não temer a extensão das palavras.

A força da dissonância é sinal de que o conformismo está abalado. Há artimanhas na seleção das notícias, na formação dos estudantes, na organização dos currículos. Nem se impressiona, apenas, a população com a mobilização da polícia. Maquiavel já apontava a complexidade do poder nos tempos modernos. Gramsci conseguiu desvendar estruturas e mostrar a construção da hegemonia e sua relação com a capacidade de persuadir. Portanto, desfiar o tecido que nos envolve e nos aprisiona exige atenção e cuidado com os abismos. Eles se disfarçam com agilidade incrível.

As redes sociais se multiplicam. Nelas, há espaços para fofocas e indignações. Não se distraía apenas. É um lugar que, também, joga com armadilhas. É lúdico e político. Fortalecê-lo, com denúncias, é sempre bom. Fundamentar as denúncias e fazê-las circular aumenta sua participação efetiva na crítica aos desgovernos. A opinião pública carrega responsabilidades que permanecem e se espalham pela história. As leituras do mundo não se resumem a uma piscadela. O circo está armado, contudo existem buracos na lona. A conversa e a solidariedade ajudam a ir além da superfície. Traz o frágil perfume da esperança.

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2 Comments »

 
  • Monique disse:

    Pois é, ainda há buracos na lona.A ferramenta que são as redes sociais não tem aproveitamento total, assim como toda a internet.Há muito de superficialidade e nem sempre os diálogos estabelecidos são plurais.A crítica deve permanecer sempre atenta aos vacilos das criações da modernidade!
    abs

  • Monique
    Manter a crítica é fundamental.
    Abs
    Antonio

 

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