As pedras e os mercados no caminho do futebol

Parece que existem instabilidades crescentes no futebol brasileiro. As notícias não têm sido animadoras. O chefe Ricardo Teixeira continua sendo acusado de muitas corrupções. A TV Globo, sua grande protetora, não se comporta como antes. Denuncia e destaca os desmantelos da CBF. Isso o deixa transtornado. Quem se sentia poderoso e inatingível, encontra-se encurralado. Boa parte da imprensa não cessa de acusá-lo. Pedem renovação urgente. A dinastia precisa ser desmontada, pois chega de heranças malditas, dizem alguns. Teixeira incomoda-se. Não consegue audiência nem com as autoridades oficiais. Está perplexo.

Além do mais, o Brasil será sede da próxima  Copa do Mundo. As piadas circulam, lembrando a precariedade dos aeroportos ou a inexistência de rede hoteleira capaz de assumir tantas hospedagens. As cidades precisam de reformas. O trânsito é caótico e a sujeira deixa  as ruas pouco simpáticas. Os governadores se mobilizam. Prometem milagres. Viadutos, ampliação de avenidas, construção de arenas, tudo num tempo veloz. Será um conto de fadas? As verbas sustentarão os gastos ou as negociatas aumentarão os prejuízos do poder público?

Há necessidades sociais, inseguranças nas estradas, hospitais lotados. Não significa que estamos no fim do mundo. Outros países vivem dificuldades. A violência marca a contemporaneidade. Não é fácil, contudo, levar adiante empreendimentos majestosos, num mundo que treme nas bases da sua economia. Se tudo acontecer, dentro do esperado, ficaremos com estrutura elogiável. Mas o que foi desperdiçado? As arenas vazias sem uso coletivo, com memórias de cimento armando? A polêmica não sossegará, porque a complexidade das ações preocupa quem pensa na responsabilidade de promover um evento internacional. Falta mão-de-obra, trabalha-se em turnos seguidos. Há tensões escondidas e manipulações frequentes.

Por outro lado, o futebol jogado se ressente de magia. O Santos não convence, apesar dos elogios e dos malabarismos de Neymar. Não é sem razão que condenamos as astúcias do mercado da bola. Ninguém está proibido de fazer sucesso ou ter sonhos de ir para o Barcelona. Milhões de euros perturbam a cabeça de qualquer um e a ascensão social beneficia hierarquias. Ela deve ser acompanhada de comportamentos críticos. Não é necessária a exaltação ao intelectual, a argumentos sofisticados e elitistas. O mundo está aí. Não se guarda numa gaveta de armário. Não se toca quem tem preguiça ou se estranha com o desejo de solidariedade.

As  partidas do Brasileirão trazem poucos lances de empolgação. O meio- campo cheio de pegadores, com senso estreito de invenção. O Flamengo sobrevive com Ronaldinho que, ainda, não zerou sua criatividade especial. Isso é lamentável. A seleção não se firmou. Carrega pedras. Mano já se mostra desconfiado. Muda o discurso. Como se fala no mundo do esporte, com assiduidade, sobra grana e falta motivação. É confuso compreender certas coisas, mas não custa especular e torcer. As transformações nem sempre são aceitas. A opinião pública flutua. As multidões ficam surpresas com aventuras presentes no  cotidiano da diversão. Observe o Santa Cruz. Comove, seduz, porém não deslancha. A vastidão do mundo é mesmo um desafio. Estamos nele, por que não buscar o ânimo ? Será que a luz está com os meninos na Colômbia?

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