As violências: significados e especulações

As expectativas fazem parte da história, sobretudo na construção da modernidade. Elas bordaram otimismos sonhados, trouxeram movimentos inusitados, mas a sociedade continua respirando a poluição da desigualdade. Ela se estica pelo mundo globalizado. Muitos sugerem que há ineficiência dos governos e um convívio com gestões mal planejadas. As teorias são sofisticadas e dançam com o pragmatismo. A especialização se expande formando terapeutas, consultores, intelectuais que sustentam concepções de mundo vencedoras. Há preços estranhos que inundam o chamado mercado de serviços.

Não se pode esquecer que o capitalismo se envolve com lógica da acumulação.  A quantidade é valorizada e a especulação ganha lugares. O capitalismo reforça suas formas de dominação, busca ampliar o poder de suas tecnologias. O discurso da eficiência justifica a política de fragmentação. Incentivar a competição acompanha o cotidiano.  Os disfarces são usados, a transparência, praticamente, não existe. Será que somos todos grupelhos adormecidos pelo pesadelos dos espelhos riscados?

A modernidade fortaleceu as condições para expansão urbana. Os territórios das cidades tornaram-se mercadorias preciosas. As polêmicas crescem, sem descanso, com o conflito de interesses e de compromissos. A gratuidade é uma fantasia. Os partidos são financiados, se vestem com projetos que diluem os movimentos coletivo. As gestões não fracassam apenas pela incompetência. Elas estão presas a armadilhas instantâneas e covardes que seguem mandamentos traiçoeiros.

Quem controla o poder busca seduzir, inventar paraísos, prometer magias financeiras. Fala-se em democracia. Quem pode negar a violência , a opressão, as manobras? O controle possui máscaras, a violência tem formas surpreendentes. Ela está na esquina, na manipulação do urbano, nos labirintos dos espigões, na mesquinhez das pedagogias individualistas. A história se constrói com ambiguidades que não desaparecem e reafirmam que a exploração é persistente.Redefinir compreensões do mundo nos toca. A contemporaneidade se perde diante de tantos dizeres e vitrines iluminados.

Os desenganos são produtores de depressões e ansiedades. Não só o corpo dói e adoece. O futuro que parecia arquitetar encantos, anuncia desacertos. É difícil esclarecer, acreditar, reinventar. Se a história é transformação das possibilidades, sobram perguntas sobre os conteúdos dessas possibilidades. Não é à toa que se formam nostalgias. Somos animais sociais e não estamos acima de qualquer suspeita. A razão está embaralhada no existir ou as ruínas nos empurram para celebrar o descartável?

 

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