O machismo se fantasia de fascismo: perturbações nada carnavalescas

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Nas eleições, soltam-se raivas e vinganças. São disputas que inquietam. Elas não definem a sociedade para sempre, mas podem atiçar desencontros e amarguras. A ansiedade cresce num mundo já repleto de tecnologias aceleradas. Portanto, é um equívoco se celebrar transparências. Tudo fica tenso, o vizinho ao lado torna-se um enigma. No Brasil, depois de corrupções amplas, as extremidades estão feridas. Ataques não faltam e as redes sociais fazem pactos com anjos e demônios. As sombras se enchem de fantasmas e de pavores. As agressões se instalam.

Muita gente desconhece como foi o passado e mostra-se denunciador do que não existiu. O fascismo virou um nome gritado pelos que se dizem amigos da democracia. A intolerância é um perigo. Nada de abraçá-la. Os que defendem a violência se colocam na vitrine d “salvação”. Rolam mentiras, o mito de Prometeu é esquecido. Por isso que o nível do debate é mesquinho. Temos uma cultura que convive com um autoritarismo secular. Não observo experiências democráticas. Vargas é chamado de pai dos podres, o homem que não dispensou a censura e o controle. A aridez, aqui, não é novidade, porém as solidariedades são escassas.

O machismo nunca se foi. Estava nos latifúndios e continua nos centros urbanos. Ele toca e seduz os imperadores do cotidiano cruel. Há quem se estime superior e funde seu lugar de forma impositiva. Não pense que os assassinatos de mulheres se dão  apenas em favelas. O temor é geral. Há crimes sofisticados. Há quem use disfarces e contrate advogados famosos. Leia o jornal ou escute os noticiários. Será que o machista é também fascista? Boa pergunta. Os que determinam a inferioridade das mulheres, que subestimam o trabalho manual são figuras traiçoeiras. Zombam, debocham e ainda se exaltam como donos da segurança. Quebram corpos como quebram objetos inúteis.

As eleições sacodem pesadelos. Não julgue pelas aparências. O saber acadêmico tem seus pecados e suas justificativas. Há teorias que defendem o eurocentrismo. Criam antagonismos vis. A violência não é apenas produto da miséria. Não esqueça a exploração, as drogas, as bombas, o racismo. A contaminação atinge uma maioria que se envolve com egoísmos e despreza o outro. Desfila, como santidades messiânicas. O fascismo veste-se de fantasias que aterrorizam. Tornou-se uma prática política que fragiliza a convivência. Procura a exclusão. Impõe regras. Os machistas cantam suas proezas, porque se sentem senhores indomáveis. Destroem-se ao sepultar o afeto e balançar a discórdia. A história não para. Mora num porto que tem idas e vindas. Assusta e redime.

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3 Comments »

 
  • Diana disse:

    A sociedade é uma construção tão plural que não é atoa que colocou conviver com as diferenças um dos pilares educacionais,a educação tem um papel fundamental na formação de sujeitos críticos que possam posicionar-se nesse contexto de posturas antagônicas,mas enganasse que somos arautos de uma sociedade mais justa ,competimos com outros elementos tão significativos quanto a religião ou a política,o espaço redes sociais ,essa ágora contemporânea faz muitas vezes pensar no papel emancipador e formador dos sujeitos.As mudanças aceleradas dos últimos tempos e a falta de um diálogos entre os sujeitos fez com que existisse barreiras tão duras quantos os muros que dividem os mundos,O lugar de fala das mulheres, em diferentes contextos dessa liberdade, se coloca em segundo plano na questão política nos unimos contra ele ,mas não a favor dela porque no critério feminismo estamos tão dividas quanto em seus valores e posicionamentos :Alienação ,não sei ,o corpo virou uma mercadoria um fetiche mulheres defendem seu corpo suas regras quebram padrões de beleza e sociais pré estabelecidos ,sua sexualidade é vivida pq ela derrubou tabus ,é a malandra de Anita ou a poderosa que desagrega talvez uma luta histórica e seus valores ?mas onde esta a segurança quando precisam ?Onde está as politicas de cuidado com a saúde da mulher?Por trás de cada campanha uma vitima ,é necessário criar esteriótipos do que é ser feminista,vestidas de vadias ,queimando sutiãs ,fortalecendo coletivos ,Tudo foi feito mas a pesquisa ainda é a mesma ,onde estão as mulheres nos postos de comando ?E pq sozinhas são taxadas de mal amadas?Milhões são gastos em propaganda ,em ministérios ,em pesquisa ,e os abusos crescem a cada dia ,pouco se investe em um educação de qualidade que permita entender a luta do que é ser mulher,Será que terei que ouvir que o feminismo também é um fascismo daqui algum tempo pelas próprias mulheres?Alguém está esquecendo que existe defesa e autodefesa?Recentemente estava em uma reunião com um grupo de estudantes e um garoto começou a abraçar a garota que ficou dizendo não e ele insistindo .Olhei para ele e disse ,fulano quando uma mulher diz não é NÃO!Tu tem que respeitar e ele olhou para mim assustado e tirou uma conclusão assustadora para alguém que passou o ensino médio comigo, professora vc é feminista ???!!!As alunas caíram na risada e disseram em coro e tu estais sabendo disso agora???E ele disse que eu não parecia pq me relacionava bem com os garotos do sexo oposto!É estranho, mas representação é um campo da cultura não é mesmo e a história nesse indo e vindo nada é obsoleto!

  • Diana
    Grato pela reflexão que aprofunda o debate. É um diálogo com a história, com as ambiguidades. A sociedade se mostra sempre em luta. pois há múltiplas vozes e umas que sacrificam a autonomia.Nunca temo uma transparência que nos satisfaça, mas é preciso ousar e não se calar.
    abs
    antonio

  • Rivelynno disse:

    …a frase síntese e muito bem colocada no texto que reflete com muita precisão o momento do agora, na minha opinião, é “muita gente desconhece o passado e mostra-se denunciador do que nunca existiu.” É uma perfeita definição do que pode ser visto nos debates das redes sociais, as pessoas criam, inventam e mentem sobre o que não viram e não conhecem para legitimar teorias absurdas, pontos de vistas sem fundamentos, mas que são impostos a todo custo, não há compromisso com a verdade, com o passado, com as pesquisas já realizadas. Hoje, ser ignorante e impor a sua ignorância de maneira afirmativa, é ser popular, é ter seguidores nas redes sociais. E assim, dentro desse desconhecimento do passado, também se alimenta o machismo, que passa a ser vendido como uma positividade contemporânea diante de valores morais perdidos. Logo, é preciso lembrar que “O machismo sempre existiu. Estava nos latifúndios e continua nos centros urbanos. Ele toca e seduz os imperadores do cotidiano cruel.” Ele não é bom para a sociedade, ele continua oprimindo e matando mulheres, no passado e no presente, é preciso destruí-lo e mostrar que a sua destruição é um ato de amor na construção de uma sociedade mais igual e justa para tod@s e a história é uma aliada sincera e de muita beleza nessa grande empreitada ou pretensão cultural de deslocamentos de sensibilidades entre homens e mulheres, aliados e não adversários…

 

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