Macondo: a solidão da história
Pintei o acaso na aventura do vermelho de Dalí,
deixei que a arte enlouquecesse com cem traições repentinas.
Envolvi-me com as sombras e as luzes do eterno retorno
e não segui a trilha covarde das armadilhas fabricadas.
Escutei os cantos dos pássaros azuis no ninho do quarto,
desfiz o paraíso que se escondia nas sementes da maçã pecadora.
Não sei se há terra, fogo, ar, água e assombrações,
vejo apenas ruínas medonhas e estranhas,
adormecidas entre o antigo e o moderno da cidade nua.
Imagino Macondo, me enfeitiço com Remédios, a bela,
e abraço Melquíades, o profeta do saber , espelho de Gabriel.
Converso com os fantasmas de Úrsula, assustados e febris,
não há dor que a solidão despreze, não há dança para deuses vadios.
O Mundo existe para que conte minha história no meio das coisas,
das pedras, dos livros abandonados nas estantes moribundas.
A vida funda-se na embriaguez do belo, consolidando rebeldias
que ousam silenciar os ruídos dos cinismos cotidianos
ferindo o ventre das minorias tatuadas
pelo vazio das palavras verdes e da ordem desenganada.
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Grato pelo trabalho.Muito bom.
Publiquei com os devidos créditos.
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