Nem sempre a grana corre solta e vadia

O incentivo ao consumo continua, como salvação das idas e vindas do capitalismo. Não se trata de qualquer situação. A recessão já assusta, sobretudo na Europa e nos Estados Unidos. No Brasil,  as ambiguidades se mantêm. Os pronunciamentos das autoridades econômicas são confusos. Aumentam as taxas de juros, fortalecem a cobranças dos impostos. Prometem que  tudo caminha para o equilíbrio. Não há perigo de turbulência. Valeu a iniciativa do tempo de Lula. Estamos na calmaria, com pequenos sustos, mas nada de quedas em abismos. Certos  cuidados ajudam a segurar o horizonte, dizem.

É difícil entender como o sistema funciona. Coisa de iniciados, de donos de segredos  invioláveis. A euforia domina o discurso de muitos. Volta-se à exaltação ao desenvolvimento. Parece que a década de 1950 redefiniu-se no tempo ou que as almas nacionalistas se revestem das atmosferas getulistas. Com certeza, se a corrupção fosse menor, o sonho da fartura se ampliaria, pois se perde muito como as manobras dos mafiosos. Imagine o quanto se gasta para mobilizar a polícia e a justiça, desfazer projetos e criar estratégias para impedir a indignidade dos inimigos da cidadania.

Dilma reforça a ideia de combater a miséria, como alvo principal. Apesar das mudanças sociais, da ascensão de grupos ao mercado de consumo, não se pode esquecer que  as desigualdades não se apagaram. A sociedade brasileira sente falta do básico, porém exulta com as ornamentações e as perfumarias. A situação das escolas públicas, a população sem opções para cuidar da saúde, o intenso tráfico de drogas incomodam e descartam os mínimos princípios do respeito à democracia. Gente morrendo sem assistência médica, a especulação imobiliária dificultando a conquista da moradia, reforma agrária desfigurada quebram as esperanças dos mais críticos.

O fetiche do cartão de crédito causa delírio. Os transtornos surgem depois. Não há politicas de esclarecimentos. Empurram o uso de certas práticas, mas o aprofundamento da reflexão não existe. Os jornais das TVs enfatizan a permanência de crimes, mostram que a lei seca não se firmou, destacam as declarações de lideranças parlamentares e se enchem de propagandas. Os projetos sociais são atropelados, pela briga pessoal por cargos. O Congresso Nacional privilegia a troca de insultos, deixando de lado os problemas efetivos. Portanto, a educação política não atrai. O que fascina  é  o retrato nas colunas sociais. Poucos se ligam aos conteúdos dos nomes de seus partidos.Não compreendem o que significa socialismo, trabalho, república, socialismo, ecologia…

Nem tudo são flores, mesmo onde se plantam fantasias de riqueza e grana solta. Houve uma greve no futebol espanhol que alterou os desejos de muita gente. As dívidas são muitas. Falam que até o Real e o Barcelona passam por entraves. Na Itália, a coisa não está diferente. O mundo do espetáculo é um componente badalado da sociedade. Lugar de investimentos não muito transparentes que rendem milhões. Ninguém sabe o destino de tanta especulação financeira. Consumir não é viver. Celebrar cultos  às mercadorias é o avesso dos espelhos humanos. Enquanto as riquezas se concentram, as euforias não passam de cartolas mágicas furadas. A liberdade define-se nos classificados ? Quanto vale um apartamento de cobertura?

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