No meio da festa, os desgovernos e as apostas

 

 

Não pense que a política tem descanso. Numa sociedade, sem perspectivas tudo se inventa. Os vampiros andam soltos nas fantasias e ninguém consegue entender o que quer. A política tornou-se campo de apostas e cinismo explícitos. Nada tão radical em tempos que se precisa de lucidez e dignidade. Há prisões e juízes que não geram confiança. Vive-se de golpes. Justificam-se auxílios e o carnaval significa uma vitrine para esconder violência. Há filosofias herdadas das entrevistas programadas para assustar. É preciso cuidado.

Todos querem ser presidentes. Não se incomodam com projetos. Lembra o tempo de Collor. Lula se agonia com as pressões da justiça. Huck mostra que a Globo sugere poderes. Fernando Henrique aparece com conselheiro. Marina ressurge com declarações vindas de algum velório. As misturas alucinam. Quem  acredita em alguma verdade? A mídia desfila boatos, não se assume como espaço crítico. O esquema é a ampliação do mercado, fazer jogos divertidos, fragmentar.

Quem imagina que os carnavais são delírios momentâneos não ilude. A festa virou um espetáculo que satisfaz ao capitalismo e alivia certa dores. Depois, as questões se aprofundam. O Rio cai no pântano, Temer refaz a palidez, a violência não foge, o tráfico ganha força com o chamado crime organizado. Muita sofisticação, pronunciamentos solenes e memória de 64 atiçados. Os militares se perdem na repressão. Não sabem como lidar com as astúcias do PCC e largam-se em aventuras nada solidária.

Lamentam-se a descrença em deuses, a nudez promocional, a miséria continuada. O mundo gira, mas a cultura repete escorregões. A situação é caótica. A Europa grita com medos refugiados. Os Estado Unidos vendem armas e provocam chacinas nas escolas. O silêncio tenta apagar a história. As atrocidades não são recentes. Elas trazem a marca das vinganças e a raivas dos ambiciosos. Os homens são predadores, inventam teorias, acumulam genocídios. Muitas utopias sucumbiram, porém fechar a porta é negar o direito de respirar. Ninguém, quer morrer sufocado.

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2 Comments »

 
  • Anuska Salsa disse:

    Muito boa reflexão, Antonio Paulo. E o amor?Será estar sofrendo algum tipo de desgoverno também? Onde está a disposição de amar, se apaixonar e viver o outro. Onde estão os nossos líderes?Onde estão as nossas referencias? Estamos à deriva como seres humanos? Não “acredito” que iremos nos afogar. Não consigo ser fatalista. Tenho esperanças, porém, pergunto sempre: que porto será esse que iremos atracar e nos salvar? Será já algum conhecido de ideais passados? ou não temos a menor ideia de onde iremos parar? Só espero que não nos tornemos feras e que a humanidade consiga sobreviver sempre! Pois, não vejo nada mais belo na Natureza que a humanidade.

  • Anuska

    Há um certo desgoverno na vida atual. Muitas mudanças nos deixam perplexos.
    absa
    ntonio

 

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