No meio do facebook e do mundo, o poder se anuncia
Não sou um pessimista radical, mas acho difícil que a história seja um lugar de bons afetos generalizados. Há muita vaidade e busca de vitrine. As mudanças, nos meios de comunicação, possuem uma grande penetração na vida de cada um. As notícias correm, as liquidações atraem, os amigos contam os êxitos de seus amigos virtuais. Não estamos vivendo de contatos diretos. A curtição passa pela criação de figuras fantasiosas, de arquitetar esconderijos, de se mover com plateias bajuladores. Isso acontece, na sociedade, de forma veloz e não é privilégio de uma cultura particular. Briga-se por exibicionismo de gênios eleitos para ilustrar mediocridades.
O intelectual atua decisivamente. Na escolha dos ministros de Jair, há debates que mobilizam acadêmicos, derrubam reputações e criam gurus. Não é novidade, mas os constrangimentos arruínam reputações. As arrogâncias aparecem como sabedorias. A questão é eliminar o outro. Surgem tipos estranhos. Frota consolida seu lado debochado. Olavo de Carvalho está envolvido num processo com a filha. Mourão fala o que não deve, porém promete salvar a família brasileira. Só não ver quem não quer, porém o conservadorismo se expande, traz uma nostalgia explorada com sutilezas programadas. A educação vende alienação e valores mesquinhos.
O facebook traz muitas figuras que navegam, cotidianamente, escrevendo sobre suas vidas. Outros preferem se manifestar quando a política ferve. Os interesses se multiplicam, como também as ironias ou mesmo um humor pouco saudável. Sou frequentador do face, não o condeno radicalmente. Ele provoca bons encontros, participa dos afetos contemporâneos. Para alguns, está repleto de vazio. Polêmicas se acirram e mutos esquecem dos zaps, dos celulares, do e-mail. O mundo é outro. Não havia nem telefone, nem telegrama, nem televisões. Ainda troquei cartas longas. Portanto, a visibilidade era outra, os discursos alimentavam linguagens diferentes.
Não podemos esquecer os registros das memórias. Há relações marcantes e outras se desbotam. As relações de poder nos acompanham. A igreja católica já deu cartas decisivas, Napoleão queria dominar a Europa, Portugal tinha um império, Kennedy foi assassinado de forma inesperada. Hoje, os delírios fascinam e se vestem de milagres.Circulam vídeos de arrecadações de cheques sob o comando de pastores de fala fácil. Será que a ingenuidade permanece e consegue empurrar golpes? Não tenho certeza. Há carências e as religiões não são neutras. Elas investem com esperteza, embora se afirmem representantes do bem. Nem todos e todas gostam de conviver com as falcatruas. Há uma minoria que nutre e ocupa seus espaços. Há ruínas que alucinam o mundo.
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Tento também não ser pessimista, mas que presente e futuro breve nos aguarda…. espero poder continuar a alimentar afetos, trocas, a perceber a história com a multiplicidade de vozes, escutas, corpos, saberes… que são fundamentais para um sentido mais autônomo de existência. Obrigada mestre.
Ana
Vamos seguindo. A barra pesa, mas há quem nos ajude e nos tenha afeto.
bjo
antonio