O facebook e os malabarismos da solidão

A multiplicidade nos atinge e nos movimenta. Colecionamos sentimentos, dúvidas, reflexões. Vivemos sociabilidades que inventamos e traduzem afetividades mutantes. Não deixamos de ser assaltados por surpresas e agonias. Os projetos mudam, as frustrações se apresentam e falta, às vezes, ânimo para seguir adiante. Cada tempo tem suas agonias e suas novidades. Os conflitos mostram que há oposições e diferenças. Estamos longe das harmonias permanentes e no sentimos carentes de paraísos.

Nem por isso, estacionamos. A história não quer sossego. A cultura configura incompletudes, porém as astúcias existem e rondam nossas ações. Muita gente, em muitos territórios, e os costumes se modificando com a proximidade das comunicações. Construímos. hoje, as chamadas, amizades virtuais. Dispensamos visualizações físicas, nos abstraímos de contornar distâncias. Usamos tecnologias espertas e ousadas. Navegamos em mares tecnológicos e extensos.

O facebook faz sua parte. Invade intimidades, distrai melancolias, exige conversas imaginárias. Apesar das multidões, dos centros urbanos com densidades demográficas crescentes, as incertezas nos acompanham. Existir não é fácil. Esperava-se que as teses iluministas tornassem vitoriosas. Houve, no entanto, guerras sangrentas, jogos de interesses, totalmente, alheios a uma racionalidade equilibrada. As fugas ajudam a amenizar as adversidades, sem anular as profecias que falam de demônios e deuses vingativos.

A solidão não se foi, nem tampouco o medo que a violência se espalhe de forma avassaladora. Buscamos distrações. As drogas criam polêmicas. Muitos precisam da embriaguez para continuar curtindo a vida. Não dá para se desfazer das ilusões. Romances, filmes, esportes, brincadeiras. Somos incansáveis  e reinamos no meio de objetos que fabricamos. Mas há também arquiteturas sofisticadas, invenções velozes. O futuro é uma esfinge, amedronta e desenha geometrias indefiníveis.

O outro é fundamental para encaminhar a vida. Se o amor fortalece nosso fôlego, seguimos com mais alegria, apesar das instabilidades frequentes. O absoluto, a onipotência, a fantasia articulam nossos sonhos. O facebook atravessa cotidianos, ensinamentos. Não dispensa as máscaras agressivas ou risonhas. Nada se fixa na cultura. As amizades virtuais possuem seus dias contados. A solidão assusta, se renova, encolhe o corpo. Os malabarismos estão no circo da vida, envolvem e dançam em tapetes mágicos.

 

 

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