O futebol no meio da grana

 

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A sociedade cria suas ilusões. Ficar no pesadelo deixa a vida amarga. O futebol tem um espaço privilegiado. nas amenidades contemporâneas. Muito curtem torcer, se apaixonam por determinadas cores e seguem buscando vitórias. Nada de mal em desfrutar das alegrias e correr para o abraço. Acontece que, na sociedade capitalista, a sede por lucro contamina tudo. Tivemos a Copa América que mostrou exageros e esquemas montados para multiplicar riquezas. Os ingressos consolidaram valores exorbitantes. Cria-se uma seleção de público. Os antigos apaixonados são  excluídos.Rendas milionárias assustam e trazem denúncias de corrupções.

O futebol não foge da regra geral. Gera desigualdades. As televisões dominam, vendem pacotes, exaltam o patriotismo. Poucos escapam. Os ídolos ganham patrocínios e se sentem poderosos. Perdeu-se a magia e as marcas tomam conta das camisas. Sempre gostei de futebol. Acompanho, mas me sinto incomodado. É uma invasão que sacode paixões e traz privilégios. Parece que capitalismo cumpre sua aventura com força descomunal.  Expande-se, quer mercado, elitiza, abandona quem se encontra fora do movimento da grana.

Perdi aquele ânimo, embora não negue que me encanta ver a bola solta, com arte. Porém, há valores que difundem mesquinharias. Muitos nem se preocupam. Querem brilhar, fixar padrões especiais. O capitalismo se naturaliza. Não se escapa das suas trapaças? Seu poder de sedução é infalível? Tudo está globalizado. Não se apagam as rebeldias, os descontroles, as indignidades? No entanto, apesar das controvérsias, uma mídia gigantesca empurra concepções, elege opções e intimida quem protesta. A sociedade carrega-se de espertezas para firmar hipocrisias.

Não estou afirmando novidades. Pode ser um lamento inútil, um jogo de palavras perdedoras. Lembrar dos desperdícios ajuda a fortalecer a crítica. Os indiferentes existem e riem. A história segue, contudo não se livra das surpresas. Se todos silenciam, a sociedade se fecha na exploração, fica fragmentada por disputas e crueldades. Essa epidemia de ambições adoece, desmonta possibilidades de  reinventar costumes e sair dos abismos. Não há como se acomodar. Os conflitos são muitos. Moram nas esquinas. O pior são os aplausos de quem se esconde das questões e mergulha no seu conforto.

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2 Comments »

 
  • Daniel Silva disse:

    Texto maravilhoso, professor! Vivi um tempo de futebol sem dinheiro. Vivi o futebol pernambucano dos anos 80 até meados do 90 com os nossos times tendo mais raça, mais luta, mais beleza. Sou do tempo do 4-3-3 com dois pontas e um centroavante. O lateral avança, toca pro meia, que lança pro ponteiro, que dribla, sassarica, se espalha, pisa na bola e, vendo o lateral passar correndo, faz o overlaping. O lateral, seja o camisa 2 ou o 4 ou o 6, cruza da linha de fundo para o centroavante fuzilar de cabeça. Gol! Euforia. Clímax. A torcida, no campo, explode em alegria. Eu, ouvido colado no rádio, garoto pequeno, magro, ficava imaginando como estaria acontecendo a cena. Ansiava pela chegada dos gols na televisão, no programa esportivo. Vibrava quando surgia um craque no meu time. Pernambuco pescava jogadores em Alagoas, Sergipe, Paraíba, Ceará. De vez em quando, vinha um “medalhão”, já perto do fim de carreira, às vezes, encostado na equipe sudestina. Chegava aqui, se juntava com a galera que já existia e fazia milagres. Nem sempre éramos campões, mas, e daí: eu queria é que o domingo chegasse! Eu queria era que chegasse o sábado e, na frente da minha casa, havia um campo onde diversos times de comunidade, o popular time de várzea, jogava. Eu sonhava em ser jogador do meu time, mas, também admirava os caras que eu via jogar aqui na frente da minha casa. Até nisto o futebol seguiu o capitalismo. Poucos são os campos de várzea, mas, muitos são os “Society”, com grama sintética e telas pra bola não fugir. Se a gente escavacar, ainda acha um campo de pelada, para o qual os times vão em carrocerias de caminhões, com caixas de isopor com água, gelo e muita disposição. O capitalismo encanta, porém, destrói. Transforma signos em números. Vende ilusões à vista e a prazo. Conecta mundos, mas, como um “pé-de-algaroba”, não deixa nenhuma vegetação nascer mais onde ele se fixa. O capitalismo quebra protagonismos alimentando fantasias. Gosto do Sport, do Barça, do Corinthians, do Flu, do Campinense. Talvez eu me encante pelo Barça pela mediocridade do futebol brasileiro de hoje. Qualquer perna de pau quer ganhar milhões, ostentando chuteiras coloridas e vestido de tatuagens. Sei que a História é dinâmica, mas, também, que podemos ter utopias. Eu não quero dinheiro, eu só quero amar… a gana por dinheiro por parte de nossos dirigentes destruiu nossa beleza. O país do futebol virou o país do “pêipervil”. Vi Zico jogar, vi Sócrates jogar, vi Falcão, Éder, Júnior, Cerezzo, Nelinho. Era fá de Assis+Washington. Não tem como engolir Firmino, P.Coutinho e Cebolinha. Quem é Neymar perto do Romário? Na minha infância, no passado, e nos meus sonhos do presente, cada time tem o seu craque. Alguém como Ademir da Guia, Rivelino, Baiano, Givanildo, Ribamar. Vou parar por aqui. Fui longe demais. Esqueci que estamos em tempo de capitalismo e de democracia escorregadia… Finalizo saudando Tite: sua postura me atenua as angústias.

  • Daniel

    Ótimas contribuições. Uma grande viagem.
    abs
    antonio

 

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