O homem rebelde, o deus aflito
Compreender a vida nos deixa atônitos. A imaginação flutua em busca de justificativas. Podemos mesmo entrar no reino das fantasias. Lembro-me do filme O labirinto do fauno, de Ofélia aflita tentando afirmar a magia e o invisível. Penso, logo existo, dizia Descartes. mas tudo é muito pouco para ser testemunha de que a vida não é um absurdo, Deus salva e pune, é uma invenção ou uma criatura sábia? Nem conto quantas perguntas poderia fazer para não tornar o texto enfadonho. Talvez, o aprofundamento da tecnologia nos leve para caminhos mais abertos.
Entre luzes e sombras, a história rememora figuras desafiantes. Hércules mostrou força física, Prometeu profetizou desgraças para os deuses. Os homens vivem escolhendo narrativas, desfazem tradições, desejam respirar para além das orações.O cristianismo quis acabar com as desgraças da alma ou arquitetou templos de submissão? Há o homem rebelde que não se conforma com rituais. Está agoniado com tantos mistérios.Denuncia, rompe com as apatias, deixa as divindades sufocadas. A terra se veste de enganos sutis.
Não esqueça das experiências de Darwin. O encantamento festivo não é a saída. A construção da cultura nunca foi linear e traz desencontros dolorosos. Não aposte no amor que derramou lágrimas. Tudo é fugaz,pois a instabilidade agita o coração. As razões sacodem teorias, Aristóteles revelou paradigmas que, ainda, habitam o o mundo ocidental. Ninguém permanece quieto, mesmo que as drogas acenem com outras percepções. Desenhe o mito de Sisifo no seu corpo, sinta seu cansaço, o peso do suicídios dos pássaros sem asas.
Todos temos o que cogitar. Não falta tempo para que o homem pós-orgânico se afirme. As inteligências provocam arrepios, não se escondem das máquinas, mostram que os dados estão lançados, que o infinito habita no fundo do abismo, que a solidão não é propriedade privada. Se cada medida valida geometrias surpreendentes, não há como considerar tudo definido. Não cesse de questionar,não se arrependa de condenar o pecado. Não existe um espelho original. Surgimos e ,aqui, estamos brincando de adivinhar o impossível.
Quando houver um desprezo pelo acaso, os homens irão para um deserto com uma brancura transcendental. O mapa astral não é uma esfinge. Ele revela traçados e cala dúvidas.O deus que pede justiça desconhece o poder dos astros. Por isso,as cartas dos baralhos parecem com uma leitura de algum destino. Não se desfaça. A história é o registro maior que assombra e distrai, as pedras não estão no meio dos caminhos, os azares se assemelham com as sortes. Somos metáforas, Octavio Paz não mentiu, apenas soltou-se das correntes dos mistérios.
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