O jogo ensaiado das alianças políticas
A escalação de um time de futebol revela disputas e ascensão de ídolos. Promove debates ferrenhos e troca de insultos. Criam-se facções, torcidas organizadas. São as paixões e as agonias do cotidiano se misturando. Uma confusão já conhecida. Mas observe as eleições no Brasil. Elas estão repletas de instabilidades. Parecem um grande negócio que movimenta milhões sem considerações éticas.Tudo ganha manchetes, ofertas de cargos e Maquiavel é lembrado com rápidas leituras. Ninguém sabe se os apoios vingarão. A tensão cresce e a população desacredita.
Ciro sente isolamentos. Não consegue convencer, apesar de seus estudos e análises. Reclamam do seu temperamento, esquecem suas promessas de mudar o Brasil com reformas bastante badaladas. O Centrão negocia até a alma. As concepções políticas morrem de susto. As eleições retratam a lógica capitalista. Isolam quem aposta na dignidade e soltam reflexões nada saudáveis de fascistas em busca de consagração. Existirão uma abstenção enorme e uma apatia nacional ? Um futuro que deixa o Brasil numa encruzilhada. Não é novidade, mas amargura colonial.
A candidatura de Lula continua trilhando tribunais. Ele tem popularidade, porém há dúvidas sobre sua libertação dos julgamentos. O PT não definiu suas alianças. Sofre pressões, faz passeatas, grita contra as denúncias da imprensa. Situação pantanosa, com esperanças na vitrine cheia de opiniões desiguais. E o PSB? Quem deseja fazer pacto com as suas vacilações? Reinam certos silêncios que fragilizam seus líderes. O dia das eleições se aproxima, contudo a falta de planejamento é visível. Quem sabe se existe uma literatura sobre bons costumes? A soberania é do cinismo que se alastra como uma epidemia. Escraviza com disfarces desmontáveis.
Quem pensa em transformar a vida social? Os partidos menores retomam ideias , relembram os males do capitalismo, são encurralados pela força da grana. Marina é uma esfinge.O PSBD, com manobras antigas, gosta das teorias de FHC. Tudo se monta num fio estreito em busca de equilíbrio. Mas o jogo é intenso e descarta regras claras. Os manias do passado não se foram. Mendonça, Paulo Câmara, Temer, Renan, Jair, Rodrigo não cedem posições e negam qualquer negatividade nas suas ideologias. Há um cansaço geral, cores desbotadas ilustrando as imagens flutuantes. Quem ousa exaltar a autonomia? Ainda comentam que o futebol é a raiz do ópio brasileiro.
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“A escalação de um time de futebol revela disputas e ascensão de ídolos.” Ídolos da política, salvadores da pátria… Nossa precária cidadania encomenda alguns messias vindos de outras searas. Jogadores, pastores, palhaços, soldados, artistas. Todos têm direito enquanto cidadãos, mas, penso, deveriam deixar suas armaduras guardadas. Não preciso de um jogador-deputado, preciso de um deputado… A política virou, no Brasil, desde há muito, um grande negócio. Talvez precisássemos de um pouco mais de ócio… o ócio criativo dos gregos ou aquele de que nos fala De Masi.