Massificação: o poder de manipulação mascara

A convivência não se faz sem diálogos. No entanto, os diálogos não se completam quando o interesse da manipulação domina. Podemos entrar em contradição, discordar, possuir concepções de mundo diferentes. Há sempre a insistência em citar a multiplicidade. Muitas práticas sociais  mudam, culturas se chocam e conflitos se estendem sem fronteiras. Os poderes se distribuem, não retratam, apenas, a força de governos eleitos e que se colocam como democráticos. A complexidade é maior. As disputas não se restringem aos confrontos das maiorias. Há pequenas divergências e também máquinas afinadas para produzir verdades.

Critica-se a massificação. Ela diminui a qualidade das escolhas, engana, traz ambiguidades. Não se pode negar que a quantidade de informações nos deixa tontos. Firmar verdades e saberes faz parte do controle. As intenções nem sempre coincidem. Há o objetivo de enganar, daí o espetáculo crescente da manipulação. A mídia exerce larga atuação na formação das pessoas. As escolas sentem perdas crescentes, mostram-se incapazes de superar mecanismos que seguem criando tecnologias com poder de convencimento. Não é à toa que a complexidade se acentua, que as teorias se esgotam. O difícil equilíbrio torna-se impossível. A sociedade caminha sem evitar tropeços.

A marca da instabilidade nos acompanha. Não é novidade. O problema é que ela ganha espaços. A massificação não só mascara como também infantiliza. Configurar exatidões fixas é uma ilusão. Com o mundo repleto de mercadorias, encantado pelo consumo, a instabilidade apressou seu passo. Mergulhamos num narcisismo sem conhecer o seu significado. Os intelectuais não descansam. Buscam aprimorar suas reflexões. Marx não poupou o capitalismo e acertou quando condenou as explorações e as desigualdades. Freud tocou em tradições, derrubando verdades e redefinindo o valor dos sentimentos. Marx e Freud continuam tendo adeptos, animando polêmicas, quebrando conservadorismos.

O poder de manipulação relaciona-se com a política. Procura garantir a censura, exalta a transparência, sem ,contudo, exercê-la. Nem todos dançam o mesmo ritmo e as fantasias se transformam. Quem centraliza não hesita em se considerar condutor da verdade. Mesmo com a secularização trazida pela modernidade, o sagrado não perdeu seu lugar. As coisas têm preço e valor de troca, nem por isso fogem do fetiche. O que parece vazio, muitas vezes, multiplica-se como salvador de situações limites. Quem  encosta à a política sabe disso e nem se incomoda em anular os cinismos. Quer privilégios, mas não despreza os disfarces, nem afirma que é minoria.

Essa luta é comum na história. Chama atenção pela complexidade. As culturas inventam objetos. Os objetos mudam comportamentos, desfazem afetividades. Nem todos percebem que as manipulações redefinem lugares sociais. Há jogos de violência que respondem às opressões, mas que não aprofundam críticas, visam a destruição. A sociedade vive em ruínas, mesmo que se exiba com suas torres monumentais. Não há gratuidade nas ações de quem manipula. Construir resultados é a palavra de ordem. Acumular, nem que seja lixo atômico. Portanto, as verdades fabricadas desfilam, ocupam a mídia, escondem vestimentas tradicionais. Quem esquece o poder de denunciá-las, cai no sufoco da massificação. Ornamenta o mundo dos adormecidos.

Aviso: A nova postagem será feita, apenas, no dia 5 de maio. Abs

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