O fascínio do inesperado
Quem inventou a vida permanece invisível. Não faltam perguntas. Será que há uma eternidade escondida ou a morte está escrita no diário da cada vida? O mundo se modifica, ninguém duvida. No entanto, há sentimentos que retornam, há formas que se repetem, há desejos que navegam em nostalgias perenes. Sempre digo que escrever é uma brincadeira. Não há muito que revelar. As palavras se balançam, porque possuem histórias e se transformam em busca de significados. Uma linha traçada, imóvel, não define a vida. Ela se movimenta sem ter certeza que o sentido está determinado. Os traços se cruzam com rapidez , os círculos se adensam para cativar as sombras
Acho que peregrinamos. A aventura de cada um toca na aventura do outro. Assim a história se constrói. Desprezar as diferenças é consagrar as mesmices. Não existe histórias sem incômodos e ansiedades. Na medida que as invenções se sucedem os transtornos se ampliam. Não se seduza por teorias que aprisionem os mistérios do mundo. As teimosias são persistentes. Consagrar apatias é desistir da possibilidade do ânimo. É preciso decifrar o valor das invenções e seu envolvimento com o trabalho, sem perspectiva da troca e da vende. Se a origem de tudo é a desobediência, não sei. Porém na sombra da solidão as dúvidas não cessam. Irritam e desconcentram.
Não há um único sentido. Talvez, a ideia de salvação seja uma acrobacia dos anjos sem asas. A necessidade que temos de explicar cada detalhe é um tormento. Quem é o outro que me conta segredos e desconfia dos meus princípios? As contradições fazem o cotidiano e as respostas podem estar ambíguas. Mas como firmar a transparência? Existem culturas que louvam deuses, outras que celebram a tecnologia e a objetividade. O cansaço aparece na companhia do tédio. No meio de tanta coisa escolher é desafio ou um mergulho inútil. As serpentes plantam nos paraísos os frutos do pecado imaginário. Os males não se espantam e transformam-se em manchetes de jornais. Será?
Os registros vão ficando, a poeira encobre simulações de verdades, caminhamos em várias direções. Nas televisões desfilam programas sobre tudo. Procuramos alívios, enganar as dores e desenhar sem vacilações. Estamos numa travessia que nem conhecemos, ouvimos ruídos distantes e perigosos. Falamos linguagens, definimos sociabilidades, desperdiçamos organizações. Será que a racionalidade é algo demonstrável ou somos apenas animais sociais criadores de ambições e invejas? Como é difícil encontrar um nome que nos defina! As pedras que seguramos em nossas mãos podem ser o começo de uma violência ou cristais que mostram o futuro do cada tempo. E se um dia o mundo deixar de respirar?
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