Gastos soltos assustam e distorcem expectativas
A festa traz alegria. Muda expectativas. Coloca a vida noutro ritmo, desmanchando melancolias. Não foi à toa que muitos se empolgaram com a vinda dos jogos mundiais para o Brasil. Parecia a chegada de um renascimento. Os governos sacudiram bandeiras e os políticos enalteceram o progresso. Muita euforia na imprensa, conversas nos negócios e organização nas finanças para assegurar os espetáculos. Não houve consenso. Surgiram as desconfianças de sempre. A conhecida corrupção dos orçamentos voltou ser assunto. Quem sabe não existiriam superfaturamentos? Os gasto não seriam excessivos? Quem garantiria o comportamento ético dos mais entusiasmados com os eventos?
Os debates surgiram. O pessimismo de alguns não derrubou o otimismo de uma maioria. Mas as vacilações não se foram, embora a máquina de propaganda minorasse as dificuldades. Não faltam interesses pouco transparentes. Há milhões navegando nas construções de estádios e de avenidas para facilitar o fluxo das pessoas. Vencer tudo isso significa um avanço no desenvolvimento da sociedade. É a palavra de ordem de quem se insere nos pactos e na onda de avaliação dos gastos necessários. Num país de tanto desacertos, não há como anular os medos e as falácias.
As obras começaram, com licitações que já anunciavam escândalos. Os governos apresentavam suas justificativas, mostravam-se aborrecidos com as exigências da FIFA. As arrogâncias desfilavam, porém o esforço para não pedir o ritmo empurrava gastos e multiplicava os lucros das empresas. Os atrasos na execução das obras fabricavam temores. Novamente, o obscuro aumentava a desconfiança. Quem vai mesmo ganhar com toda essa movimentação? Uma Copa do Mundo na terra do futebol não é uma dádiva dos deuses? O que dizer dos jogos olímpicos? O Brasil abre a porta de entrada para o primeiro mundo, portanto as lamentações são sufocadas.
A euforia cansou muita gente. No entanto, nada de desistência. O fracasso é uma confissão de incompetência. A palavra Arena virou modismo. Algumas já estão quase prontas, outras sofrem de carências intermináveis. Há dissabores. A famosa Arena do Grêmio enfrentou problemas, com também a de Minas Gerais. E os desmantelos do Engenhão? Falhas básicas se sucedem, acirrando as controvérsias. Os meios de comunicação se sentem ameaçados, pois não perdem de vista a fortuna dos patrocínios. Portanto, desprezar a euforia é desespero. Colocam Ronaldo para garantir o sucesso, chamam Cafu e Bebeto, como mestres de cerimônia. Consagrar o desânimo é um erro. Tudo pelos contratos, não importando o valor dos investimentos!
O tiroteio é grande. A história está atravessada por cinismos. O futebol já não tem o carisma da antes. As torcidas curtem as brigas, mas os jogos evidenciam despreparo.As gestões fracassadas dos dirigentes ? Não é exagero destacar a corrupção, nem tampouco esclarecer quem lucrará com os eventos. Afinal, as necessidades são muitas. A seca é imensas, a educação convive com ruínas, as discussões no Congresso são vazias.Os candidatos vestem-se paras eleições presidenciais buscando apoios genéricos. Gostam de inaugurar monumentos. Pensar na Copa do Mundo e nas Olimpíadas é um delírio. Tudo farão para assegurar a festa, apesar da contabilidade suspeita.
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Excelente, um panorama geral do que vem acontecendo. Disso tudo o que fico me questionando é sobre a questão do tempo, a correria existente nas obras, para se ter noção foi em 2007 que a copa foi aprovada para o Brasil, e as obras andam, desmancham, andam… enfim ainda falta acabar, é o velho jeitinho brasileiro deixar em cima da hora. E ainda para se indagar mais é sobre a arena do Grêmio foi fantástico, dai se percebe disciplina e comprometimento as coisas andam, isso gera uma série de discussões, mas vamos esperar chegar a hora tão esperada da bola rolar no gramado, o futebol garante a alegria.
Abraços.
Diógenes
A falta de compromisso marca as ações. O caminho é cheio de curvas e de figuras obscuras. Isso nos deixa desconfiados. Por que não seguir noutra direção?
abs
antonio