Os mitos e as histórias das sociedades

 

A construção das regras sociais custa tempo. Não há uma harmonia que se estenda e pacifique todos. Na sociedade moderna, a complexidade é grande. Muita gente, objetos, compras e vendas, ambições soltas travam compromissos. Ninguém nega que existem rebeldias. A insatisfação é comum. As vitrines estão armadas para atender desejos. A velocidade tira o fôlego, fixa valores passageiros. Assim, a história se configura. As fórmulas são múltiplas, as transparências sombrias, os debates provocam agressividade. Observo que as identidades se diluem, perco afetos que pareciam definitivos.

Conviver com as frustrações faz parte do cotidiano. A vida busca sossego que não consegue amarrar. O crescimento da tecnologia cria mais confusões. O mitos não desistem, mas sofrem julgamentos. Não podemos imaginar uma sociedade sem mitos. Eles produzem modelos de comportamento. Não se deve esquecer que estão presos ao ir e vir da história.Não são deuses, porém possuem narrativas, atraem, conquistam. Se já vivemos a pós-modernidade,não significa que tudo se esvaziou e o sagrado se foi. A mistura é constante e perigosa. Provoca pesadelos.

Nossa época, tortura inteligências. Tudo se inventa. O lixo é grande, pois o excesso convive com a miséria de muitos. É a contradição que desafia a possível ordem. A política acerta o relógio da negociação. Todos desandamos. Quando a crise é radical verdade e mentira voam. Nietzsche tinha razão. O mundo é amplo e nós recebemos tradições que oprimem. A transformação é discutida, contudo as práticas se sofisticam para garantir as armadilhas de sempre. As opiniões enchem as redes sociais. Quem mantém a verdade? Será que o pecado original foi arrumado pela mídia?Forma-se a ordem da desconfiança. Não paro de registrar ambiguidades. Sinto que a novidade é brincadeira descartável.

As pessoas se lançam nas crenças e se perdem nas críticas. Os mitos continuam, promovem sustos. Quem pensa na quietude se equivoca. A história não dorme. Os boatos terminam dominando as conversas. A sociedade tem nostalgia do passado, sem saber como preservar a memória. Sinto que os tropeços não se extinguirão. As portas abertas quebram os espelhos. Há muita lástima e lutas do bem contra o mal trazem a lembrança da maçã e da serpente, de Caim e Abel.O mito, hoje, sobrevive, numa sociedade de desiguais e refugiados sociais. Há opções? Contemplo o azul, quando o sol está forte, visualizo o acaso dominando o horizonte.

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