Os múltiplos caminhos e profecias de Francisco

O papa Francisco assumiu com promessa de não deixar a Igreja caminhar para o abismo. Foi tudo muito rápido. A renúncia de Bento causou especulações e a imprensa soltou um noticiário perturbador. Mais um momento agudo de acusações radicais que transtornaram os católicos. A luta pelo poder se estende pela sociedade de forma aguda. Há crenças, bondades, orações, porém ninguém pode negar que a história tem seus desmantelos. A Igreja Católica escorregou esquecendo seus compromissos com os pobres. E não foi pouco. Uma rápida olhada na Idade Média ou no tempo da colonização das terras americanas atiça para debates intermináveis.

Apesar dos desfazeres, o catolicismo continuou sua trajetória. Não está só. Hoje, mundo ganhou uma concorrência imensa de sermões feitos com a mais fina tecnologia. As religiões sofrem questionamentos, porém mantêm uma força indiscutível. O envolvimento com os malabarismos da grana não estão ausentes. Fala-se de corrupção, avoluma-se a quantidade de pecados, a riqueza material contamina desejos. Portanto, não faltam suspeitas que derrrubem mandamentos e tirem a grandiosidade dos antigos milagres. Há quem jogue as religiões para o território das mercadorias. Não é uma unanimidade. Os confrontos mostram que as discordâncias enfraquecem e confundem os crentes.

Francisco espera não aprofundar tantos desacertos. Procura agir, estimulando exemplos, desfazendo pessimismos. As instituições possuem seus núcleos políticos. Na eleição para papa não poderia ser diferente. Elas vivem também de negócios. Nem sempre se lembram do outro Francisco, das denúncias da Teologia da Libertação. A incompletude traz a cultura, multiplica deuses, desde os primórdios. Nem todos mergulham na transcendência dos templos. As opções giram, agitam, pois o a globalização acendeu, mais ainda, o fogo da diversidade. A modernidade exaltou a razão, lançou questões sobre os mistérios, quis impor uma objetividade, porém as dúvidas continuam e os sentimentos de culpa flutuam como nunca.

A Igreja Católica não curte o prestígio de outras épocas. A Reforma abalou suas estruturas e a modernização da sociedade trouxe novidades nada vantajosas para quem cultiva a meditação e a generosidade. Temos crenças que fogem ao controle das filantropias e anunciam verdades inesperadas. Houve mudanças nos valores e nos comportamentos. A competição acelerada não atinge, apenas, os monopólios financeiros. Os templos também transparecem luxos como antigamente acontecia. Os dualismos não se foram, como os oportunismos que ajudam na concentração de riqueza. O capitalismo é senhor da aldeia global, se insere nas decisões, intimida os grupos rebeldes.

Francisco não ignora as dificuldades, nem acha que tudo é resultado da inocência. A complexidade é grande, as ambições fervem os individualismos. As divisões atingem a Igreja Católica. Seu clero não é uniforme. Alguns desprezam as possibilidades de redefinir as relações sociais. Somos todos animais afetivos, queremos ultrapassar limites, mas o ponto final nos atemoriza. Muitos paraísos formam arquitetados. As desigualdades fermentam violências. As religiões não fogem dos problemas, porém inventam soluções que atrofiam princípios que pareciam revolucionários. Franscisco enfrentará contrapontos. Talvez, as frustrações o sufoquem. Quem pode garantir  letras firmes para as profecias?

 

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4 Comments »

 
  • DIÓGENES disse:

    É esperar para ver no que vai dar a vinda do Papa Francisco, ele vem com discurso de generosidade, de modificar a cúria romana enfim de tentar estabelecer uma paz interna no catolicismo. Muitos vinham com essa trama, mas a permanência impera. De mudança mesmo foi a decisão de ter o primeiro papa latino americano, saindo do eurocentrismo vigente por séculos, uma ruptura considerável.

  • Diógenes

    Espero sempre que haja iniciativas coerentes com princípios de generosidade que prega a Igreja. Seria bom, mas há muita discussão e choque de interesses. Sigamos.A história, às vezes, traz bons momentos e aberturas.
    abs
    antonio

  • Elânia Nunes disse:

    O papa Francisco é o estandarte da esperança que dia melhores virão. Acreditemos nisso, pois pior não pode ficar.Mudanças podem ser boas ou ruins, mas no contexto no qual a sociedade contemporânea está inserida elas são sempre motivadoras.

  • Elânia

    Sempre busco ver as coisas do lado otimista.Espero que A Igreja se redefina bem.
    abs
    antonio

 

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