Os fôlegos da história do eu
Estou meio tonto. Essa pandemia me tira de qualquer devaneio. Sei que o inesperado chega, não há história em linha reta. Reluto. Sinto agonias, vejo o céu azul chamando para o sossego, tergiverso. A complexidade imensa me faz mergulhar em visões tensas. Passei por momento instáveis, na saúde, que deixaram marcas. Não recuperei o fôlego.As oscilações me chateiam, não há encontros cartesianismos que me salvem. Portanto, corro, descanso, porém o movimento está desordenado.
Penso nas minhas questões. Julgo-me experiente, não tenho grandes sonhos, brinco com algumas narrativas. Não nego que a atmosfera carregada me empurra e me sufoca. Chegam risos, ironias, luzes. No entanto, cada dia se parece com outro dia, tenho que resolver certos impasses, a vida segue e a pandemia segura futuros nada ativos e esperançosos.Assim, sigo e converso, sem firmar novas expectativas. A lucidez sofre, usa máscaras. O que faria Ulisses?
Há dias de sol, há possibilidades de imaginara, mas as lonas doa circos se despedem. Os mais velhos estão também perplexos. As opiniões se juntam com as falcatruas e as milícias na capital do país. Os cínicos desfilam como soberanos. Quem adivinha que o messias surgirá com outras vestes para transcender e reinventar o mundo? Minha desconfiança permanece, minha aprendizagem talvez seja inútil. Diálogos mostram desconfortos gerais e as contabilidades subestimam a vida. Há quem curta o maligno prazerosamente, no reino das loucuras atordoantes.
Será que o juízo final arquitetará uma outra história? Isso é uma fantasia que alguns acreditam e que eu não incorporo. Respiro, o tempo não para, as mediocridades se espalham e o consumo é o artista principal. Lembre-se do holocausto. Lembre-se das afirmações de Marx. Lembre-se dos delírios de Nietzsche. A solidariedade fixa na memória de quem se envolve na dignidade.Não faltam esquizofrenias e os psicanalistas tentam compreender a extensão do desemparo. Respire. Lembre-se das brechas.