Somos nômades e anônimos

Quando se anunciou que a globalização se definia,muitos imaginaram que haveria um pacto mundial. As diferenças culturais sempre existiram. Não é incomum que desconheçamos hábitos que estão próximos. A sociedades se veste de complexidades que nunca serão extintas. A globalização trazia uma tecnologia mágica. Quem antes escrevia uma carta, hoje se envolve com o facebook, se apaixona por modelos de celulares, não perde os últimos aplicativos. O convívio ficou fácil ou pouco entendemos da multiplicidade cotidiana? Alguém se livrou das amarguras e mergulhou na velocidade do efêmero? Ou existem mensagens indecifráveis? Será que a autonomia não se foi?

Não posso assegurar pertencimentos, se a velocidade dita as ordens. Comunico-me ou consumo minha solidão com palavras e códigos quase indecifráveis. Sobram pessoas, refugiados, preconceitos. As culturas quase não dialogam. Vale o poder das grandes corporações. Se a afetividade aproxima é preciso saber se tudo não é mesmo uma farsa.Nas ruas, todos andam com olhos baixos consultando máquinas, colhendo novidades, brincando como crianças sem pertencimentos. A felicidade não deixa de ser lembrada, mas com vivê-la e garantir sua permanência? E a vaidade disparada nas palavras sem vida? Cada um inventa um personagem e desfila como cidadão no como do engano.

Desastres ecológicos, vinganças religiosas, armas sofisticadas. Busco no face sinais de compreensão, porém observo que há cooperativas. Alguém escreve, suplica uma curtição, namora com a tela do computador e a estranheza não se vai. O que desejamos desde que fixamos moradia na terra? Qual foi o dia que tudo começou? Para que as dúvidas se amenizem inventamos mitos, deuses, utopias. Somos anônimos na multidão, caminhamos como nômades. Tudo se mistura, a morte e a vida marcam encontros extraordinários. O sagrado é dúbio, possui leituras desiguais.  O significado de coisa sobrevive negociando com o perigo.

Minha trilha tem um fim, minha conversa me anima. Sinto que as travessias estão dentro de mim e que a sociedade se embriaga com suas invenções. As culturas me fazem olhar no espelho ou cada objeto tem um significado que resume a história. Não há desperdício em cuidar de cada questão. As respostas ajudam, movimentam. Esconder-se é decretar um nomadismo exótico e acreditar que  imagens são verdadeiras forma banidas da história.Desconfie. O conforto da mentira não é um exagero. Estamos aqui, mas há abstrações que nos perseguem. Tenha um nome que não engane. Identifique-se. A arquitetura do circo não celebra a diversão. Empurra o vazio do tempo.

You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0 feed. You can leave a response, or trackback from your own site.

Deixe uma resposta

XHTML: You can use these tags: <a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <s> <strike> <strong>