A aventura do cinismo:distrações perversas

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Os ruídos dos tempos modernos são frequentes. Já houve provações contínuas e crescem as buscas incessantes da história. O sonho persiste, apesar dos desmantelos. As palavras se espalham, se vestem de cores berrantes. Quem não quer  contar suas aventuras? Há mágoas e frustrações. Nunca deixou de se fabricar o disfarce para cada situação. Já leu Guimarães? Preste atenção às questões de Riobaldo e analise como a multiplicidades não coisa nova. O mundo possui inúmeras invenções, não foge da ambiguidade e cogita mudar seus significados. É pesado, mas se vai na onda do tapete mágico tecnológico.

O sossego aparece distraído, tentando abafar os ruídos. O bem e mal se confundem, para o delírio dos cínicos. Eles se divertem, compram máscaras, se fazem de vítimas, se balançam nos trapézios. Não se engane.São perigosos, simulam sorrisos e se conectam com os poderes mais sujos. As mudanças técnicas não trouxeram transparências. Levaram a sociedade para curtir mecanismos de comunicação que brincam com a sorte. O tempo inquieta motivos utópicos, porém arquiteta ambiguidades perversas. Muitos temem os vazamentos.

Contar a história não é um pacto com a verdade exclusiva. Marx não é são Francisco, Foucault não é Baudelaire, Graciliano não é Guimarães, Caetano não é Cartola. As diferenças possibilitam interpretações. Nem todos querem consultar os mistérios. Há quem costume construir labirintos e se entregam celebrar ironias. Somos animais  sociais que não se incomodam com os danos da falta de solidariedade.Contar a história é olhar para as permanências e desconfiar de seus sentidos. Os cínicos se elogiam nas instabilidades, no desprezo, nos azares mais perversos.

Não esqueça que as religiões se engessaram. Seus dogmas formulam concepções de mundo, valores, silêncios diante das dúvidas. Se desertos povoam territórios, pesadelos de juízos também impressionam os mais ingênuos. Difícil é desenhar a salvação. Quem não teme as astúcias das escritas, não se cansa de derrubar vulcões e se desfazer de pedras inúteis. Cair nas narrativas do progresso é um escorregão fatal. Conte sua história, sem desconhecer que a memória é seletiva e os deuses estão na terra. Não se negue a escutar o sertão e suas metáforas. Desfie-se.

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2 Comments »

 
  • Rivelynno Lins disse:

    …e as estórias encantadas passam a ser analisadas como formas de se entender, discutir ou pensar as ordens e os arranjos sociais de um tempo e de um espaço com rupturas, permanências e adaptações. No desenho que ilustra o texto, a ciderela parece desejar o castelo e o poder proporcionado pelo status do príncipe, já o príncipe a pensar na cama, talvez deseje apenas a aventura proporcionada pelo corpo da cinderela e os prazeres do sexo. Assim, a pergunta: para muitos estes ainda são os desejos de um casamento feliz? A ideia de companheirismo foi esquecida? E quando o consumo da morada no castelo enjoar e o sexo se tornar monótono como ficará a tradição que insiste em afirmar que eles foram ou serão felizes para sempre? Cinderelas e príncipes são rótulos que não morreram para muitos, mas será que estes personagens estão aptos a encarar os desafios de uma vida a dois com todas as suas contradições e dificuldades para além de desejos artificiais, produzidos por uma literatura encantada, que não retrata a realidade e infelicita os bobos que tentam segui-la e se vêem incapazes de alcanca-la? Nesse caso, o ensino de história nos brinda com seus ensinamentos e sua diversidade afetiva catalogada e discutida com suas inúmeras interpretações de realidades possíveis…

  • Isa disse:

    Em tempos de perplexidade e desalento, esta instigante crônica clama
    por uma discussão ao vivo e à cores. Parabéns. Belo texto.

 

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