HUMANIDADE E O VÍRUS

                                             

Microbiologia do vírus

 Parece que a história parou ou se entrou num delírio incomum. As polêmicas são imensas. Jair vive de falar tolice e acha graça. Outros o seguem. O mundo se balança, pois não encontra saída com a tecnologia que achou. Superestimuou-se, mas o vírus ameaça a sobrevivência e o medo circula. A perplexidade aumenta, embora privilegiados se sintam acima de todos os perigos. A natureza e nós também estamos numa encruzilhada. Os contrapontos existem, ferem, provocam desamparo.

Há quem afirma que tudo apareceu de repente. Falta um olhar profundo sobre a história. Será que não se lembram da bomba atômica? Os massacres da colonização destruíram e firmaram preconceitos. Porém, a memória é seletiva e os dominantes não cessam de animar poderes obscuros. Nada acontece de repente, há trilhas, relações, sentimentos, perdas, exemplos daninhos.

Nunca assistiu tanto incômodos. Fico mesmo observando que os limites se espalham e que o fanatismo de outros não submerge. Não existe, apenas, o ocidental e suas ambições. As ambiguidades mostram que é preciso escutar. Será que são as grandes cidades as governantes do bem? Será que não há registros de espelhos egoístas? Fechar a porta para não ouvir os ruídos é apelação e testemunha que a intriga desmonta.

Talvez, as perguntas atormentem, porque se pensou que o progresso evitaria a miséria. Não aconteceu. O consumismo pede o artificial, quer o plástico, imagina subir a maior montanha do cosmo. Portanto, as misturas de expectativas criam inimigos e isolamentos. É luxo de poucos privilegiados que minam as possibilidades de sonhar a solidariedade. O vírus concretiza a desigualdade. A solidão confunde os sinais do amanhã.

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1 Comment »

 
  • Rodrigo Andrés disse:

    Gostei do texto, professor. Observar os cantos vazios, entre eles as praças, parques, quadras, em contraposição à correria martirizante dos indivíduos em prol do capital que não pode parar, tendo em vista também suas próprias dependências a tal situação, me traz desconfortos. O capital não dá voz ao desejo nem à angústia, senão enquanto mercadoria. Nestes dias, externalizar-se é arriscar-se, em todos os sentidos. Quem pode, aprisiona-se em seus condomínios de luxo, quem não, arrisca-se subserviente ao capital. O contato à natureza, sua contemplação reconfortante, passa por perda de tempo. Para esclarecer quem sou hahah, fui seu aluno em Teoria da História II, em 2019.2, e estive lembrando de algumas coisas, logo rememorei deste seu site e passei a ler alguns de seus textos. Lembro que gostei muito, dos que em aula o senhor tinha passado. Sabe o anjo da História que Benjamin aborda em suas teses? Então, nunca o vi de maneira tão nítida. A tempestade do progresso o impele à catástrofe iminente, apesar de sua sufocante luta contra seu destino. Ainda assim, me vinculo a Paulo Freire e acredito que esperança seja um verbo. Assim, é preciso esperançar. E acredito estarmos juntos nessa. Enfim, desejo-lhe tudo de bom e que muita coisa boa aconteça a nós todos.
    Abraços!

 

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