Leituras apressadas, palavras mínimas

 

 

 

 

 

 

A complexidade acompanha a história.É difícil resumi-la. Simplesmente, tocamos em certas questões e procuramos seguir seguir adiante sem se livrar das esfinges. Vivemos lendo o mundo. As coisas, as pessoas, as relações, as palavras, os sentimentos, as imagens, tudo nos faz observar que há significados que incomodam e precisam de cuidado. Esgotá-los é impossível. Portanto, o reino do inacabado nos cerca, escuta nossas ansiedades e pesadelos..

A sociedade estabeleceu um ritmo veloz. Há uma pressa que se casa bem com a superficialidade. Poucos são pacientes, gostam dos mergulhos. Muitos se olham no espelhos e correm para atravessar a rua mais próxima. Os relógios marcam um tempo que simboliza negócios. O valor de troca ganha espaço crescente, não cessa de fazer adeptos e garantir paraísos. Os enganos são comuns. Não há exatidão nas leituras, mas interpretações passageiras.

Construímos possibilidades de fuga, destroçamos ilusões, reinventamos relações. Quem busca o sossego sente que ele pede renúncias. A velocidade mistura luzes com sombras. Não é assustador termos palavras mínimas para descrever aventuras incríveis ? O desfile de história pede modas ousadas na aparência, porém acomodadas na dispersão do vazio exibicionista. Mesmo assim apreciamos julgar, se colocar nas hierarquias com autoritarismo, simpatizar com as habilidades de quem festeja acumulações.

Talvez, haja fundamentos invisíveis que entorpecem. Estamos num grande jogo ou breve decifraremos os impasses que nos perturbam? Quem toma conta do mundo? Faltam sempre complementos, contudo os delírios conduzem loucuras que, apenas, consagram vaidades e expõem a necessidade de máscaras. É confuso conviver com as diferenças numa sociedade de generosidades obscuras e políticas atravessadas pelo perfume da grana.

As desculpas são muitas. Somos empurrados para entrar na multidão. Os gritos podem expressar alegrias ou resultados de disputas que expressam sociabilidades fragilizadas. O espetáculo deve prosseguir, pois ele é um anúncio que tudo tem um preço e uma beleza fabricada traz movimento, sem atiçar interrogações. Quem se afirma, não se liga na divisão e nem suporta leituras coletivas. Portas fechadas, riquezas concentradas, afetos simulados, maiorias silenciadas. Quem se desapega das coisas e não contempla as vitrines?

Nem por isso, todas as escolhas estão determinadas. Os totalitarismos também se cansam, não se constroem no reino da eternidade. O desafio é pensar que somos animais sociais e, ao mesmo tempo, as experiências nos levam para um individualismo quase radical. Como sustentar, então, a cultura? As agonias constantes mostram repetições. Onde mora a racionalidade, onde estão as anseios de transformações? As máquinas mudam de posição. Elas nos olham.Não é através delas que desenhamos nossas pontes e firmamos nosso desejos?

Quem sabe se a vida não se projeta para um sentido que desconhecemos  ou o absurdo é o leito desconfortável que acolhe nossas perplexidades? Não dá para estender as leituras, sem os testemunhos permanentes das incertezas. Temos verdades, regras, instituições. Tudo passa pelo ir e vir das história. Flutuamos. O tapete mágico de Scherezade configura a dimensão da transcendência. A leveza desmontaria a famosa lei da gravidade e sacudiria a culpa no abismo mais profundo.

 

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