No ritmo agitado e confuso das eleições

As eleições trazem uma agitação especial. As discussões políticas ganham espaço, com humores e ressentimentos atiçados. É um grande jogo. Com tantas dúvidas sobre os projetos dos político, as pesquisas eleitorais atraem comentários diversos. Os jornais as usam de forma frequente. Quem dispara na preferência dos cidadãos? Quem assume a liderança nos estados do sudeste? Quem promete reformas radicais? Muitos se guiam pelas pesquisas. Nem se tocam no passado dúbio dos candidatos. Entram no trem da vitória. Querem festas e celebrações e se afirmam como legítimos especialistas em números mágicos.

A famosa democracia continua sofrendo abalos incríveis. Acho difícil que ela se amplie e  transforme, efetivamente, a nossa sociedade. Tudo é muito confuso. Os partidos não possuem consistência e acolhem propostas sinuosas. Há condenações a antigas práticas, mas que são logo desmentidas. É comum o ataque às oligarquias. Todos procuram mostrar-se donos das novidades. Discursam acusando práticas arcaicas, sem mudar suas atitudes ao construir seus apoios. Nem observam as imagens das suas companhias.

Há, portanto, repetições constantes. Uma eleição termina parecendo muito com as outras, sobretudo nos vícios mais visíveis. Ressuscitam-se teorias, exaltam-se figuras de administrações esquecidas. A sede de poder quebra princípios e a dança das notícias é intensa. Os meios de comunicação não estão soltos nas suas escolhas. Dependem de patrocínios, não sobrevivem sem lucros, se omitem ou fazem reportagens fantásticas sobre quem mais se articula com seus interesses.

O Brasil não é o exemplo único. Não adotemos uma posição de pecador incontrolável. Há uma corrida pela acumulação da riqueza que modifica culturas e apressa decisões. Será que os governante eleitos seguram sua autonomia? Até que ponto as grandes corporações não intimidam e forçam comportamentos duvidosos? Nessa complexidade cotidiana, também aparecem denúncias, idealizações, ingenuidades e espertezas. O século XXI não despreza memórias de outro séculos, sente-se no cruzamento de muitas questões.

Não estamos vivendo um época de pesadelos? Não há excesso de pessimismo controlando nossos desejos? Nem todos compactuam com os jogos obscuros do poder. A história convive com contradições. Se há desigualdade e miséria, permanecem utopias e insubordinações. Nem tudo está na estaca zero. A multiplicidade distrai a incompletude. O sonho não sai da história e arranha os pesadelos mais tenebrosos. Os candidatos evitam fracassos, procuram adeptos, consideram-se condutores da modernidade. Não sossegam e ouvem com cuidado seus consultores. Muitos curtem adivinhações e vaidades estudadas.

Existem choques, desqualificações, desesperos com boatos e acusações. Falta clareza sobre o que será o país depois que as eleições finalizarem. As manifestações das ruas causam suspenses. Há tensões que persistem. As dúvidas não cedem, as reivindicações estão presentes e marcam a sociedade, definindo suas opções. Toda eleição tem suas profecias e seus desencantos. Exige que a crítica se fortaleça. Somos sujeitos da história, não podemos fazer da política exercício lúdico, passageiro. Ela está dentro do tempo, lembrando que nada é mais perigoso do que o discurso da servidão voluntária.

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