O facebook e a crise: pressa, imagens, inquietações

O aprofundamento da crise política, no Brasil, circula rapidamente. Tornou-se o assunto maior. Muitas novidades, duelos na imprensa, fotos e gravações clandestinas fazem o clima das torcidas organizadas. Desculpem, mas a razão, se é que ela existe, está hibernando. A história assanha ressentimentos, provoca desconfianças e anuncia vestígios de apocalipse. Surgem ídolos ou confirmam-se ídolos: Lula, Moro, Chico Buarque, Bete Carvalho, Gilmar Mendes, Eduardo Cunha e assim vai. Não se discute a qualidade da suas ações, há uma pressa imensa em criar inquietações que chegam a destruir relações matrimoniais. Certas palavras pulam na tela: juízes, polícia federal, golpe, democracia, constituição, impedimentos, delação. Ganharia dinheiro quem organizasse um dicionário que mostrasse as expressões que aparecem atualmente.

Ninguém olha para o passado? Ninguém se lembra de Nietzsche? Ninguém observa que sociedade precisa de valores? O computador é uma trincheira de uma guerra virtual. Existem feridos, as frustrações incomodam, as cores são festejadas como símbolos. Muita gente com a camisa da seleção brasileira, talvez esperando uma vaga no time de Dunga. Outros se acendem com o vermelho que incentivou tantas rebeldias. As memórias revelam-se. Fascistas, liberais, anarquistas buscam posições de ataque. Não adianta adivinhar qual solução que se dará para os impasses. Muito calor entorpece, desenha pesadelos, sacode as ansiedades. A política não é lúcida todos os dias. Os histéricos não se foram em busca da maçã que Adão e Eva comeram.

As dúvidas não sossegam, Há quem afirme que adora adormecer em cima do muro. Ha quem jure fidelidade ao capitalismo. Há quem coloque em Dilma toda raiva dos seus amores perdidos. Fico perplexo. Tenho também minhas angústias, mas procuro a sensatez. Nem todos embarcam na minha canoa. Os riscos estão flutuando. O golpe está encomendado, com novas formas, usando tecnologias. Não nego os erros do governo, os exageros do consumismo. Até hoje o socialismo não residiu no Brasil, embora haja um Partido Socialista. Discursos charmosos não faltam. Capacidade para enganar, recorrer aos apelos divinos e delirar com as palavras estão correndo no cotidiano.A violência tem moradia na famosa sociedade dita cordial. Onde se esticam desigualdades, não há como esconder os desmantelos.

Os sonhos navegam, mesmo que os pessimismos se armem. A Globo curte seu noticiário, amedrontando, instigando o ódio, destruindo. Os meios de comunicação funcionam como partidos políticos, com agilidade e ambição. Quem pensa que encontrará um território exclusivo de bons diálogos pode se decepcionar. Somos animais complexos, incompletos, porém pretensiosos. Definir certezas é uma esquizofrenia. Agir é importante, sem deixar de lado o desejo de superar os abismos e de construir. Não esqueça Benjamin: as culturas possuem comportamento malditos que devem ser punidos. A barbárie sobrevive, num mundo de trapézios e pouco circo de lona. Já é noite, as palavras me consolam, nem todos são companheiros. A vida está dentro e fora de mim. Não quebre o espelho, nem se embriague com as imagens do Jornal Nacional.

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