O futebol: incômodos, controvérsias, redenções

   

O futebol é a conversa que não se encerra. Há sempre o que dizer. Seus deslocamentos são acompanhados pela grande maioria. As paixões têm muitas cores e imprevisibilidades. Há pessoas que se jogam nas suas armadilhas com toda energia. Pensam que o futebol é o centro da vida e o resto, apenas, um distração sem graça. Tudo pode acontecer. Existem interesses, jornalistas especializados, emissoras de TV que investigam detalhes e  escândalos. Não faltam leitores, nem espectadores. Milhões circulam nos negócios da bola, provocando tensões constantes. Não se trata de especulações vazias. O mundo globalizado gosta dos acontecimentos esportivos. Eles mobilizam o cotidiano.

No Brasil, tudo gira muito rápido. A seleção caminha para uma renovação, mas não consegue convencer. Ela se fazia necessária, há craques e sobra apatia. Sente-se que a motivação não atingiu o ponto esperado. Mano parece que perdeu o comando. Discute-se até a eficácia dos planejamentos, embora Ricardo Teixeira prometa que não haverá quebra nas mudanças. As exibições da seleção têm sido medíocres. Neymar não assume sua majestade, está saturado. A defesa comete falhas impensáveis. Os patrocinadores se inquietam. Já imaginou um fracasso na Copa de 2014? O fantasma de 1950, ainda, não se desfez. Os medos não são efêmeros.

As discussões sobre a Copa tumultuam o Congresso Nacional. Formam-se comissões, ressuscitam-se discursos nacionalistas e a Fifa sofre acusações. Ninguém acalenta certezas. Romário proclama suas dúvidas. Fala que a Copa é do domínio do estrangeiro. Quem lucrará com tantas regras impostas pelo órgão internacional controlador do evento? Quem se esquece dos elefantes brancos fincados nos territórios da África do Sul? Cogitar prejuízos traz polêmicas e acirra concorrências. A Copa tornou-se uma questão incômoda e não, apenas, uma desavença de botequim. As águas vão rolar e as pontes estão com os alicerces corroídos. O país do futebol busca identidades.

A violência,  que se arrasta pela sociedade, também, tira a tranquilidade dos clubes. Há um sistema de compensação que funciona quase religiosamente. As torcidas não perdoam, muitas vezes, os desacertos apresentados nas partidas. Já houve conflitos graves no jogo entre Guarani e Ponte Preta. Punições foram acionadas. A reta final das séries A e B prometem desmantelos. Recentemente, um jogador do Palmeiras reclamou que foi agredido. Novas controvérsias, versões ambíguas dos fatos, jogadores sem sossego, caminhos com abismos quase intransponíveis. O futebol é um espelho ou ele institui comportamentos e pedagogias perigosas? Quais os valores que estimulam a permanência de competições tão desregradas?

Os assuntos se sucedem. O jogo se mistura com a multiplicidade de escolhas que envolve a sociedade. O Santa Cruz volta a brincar na gangorra. O tricolor das multidões empolga, articula, frustra, sacode esperanças. Sua odisséia impressiona. Tinha uma meta. Queria sair da série D. A sua jornada épica transformou-se numa história de seduções e de sofrimentos. Precisava de pouco para firmar outro horizonte. O estádio ficou lotado. Muito mistério, treinos secretos, expectativas guardadas no canto do coração. 60 mil pessoas estavam, no Arrudão, assistindo ao Santa Cruz empatar com o Treze e sair do sufoco. A cobra coral voltou a dançar, com charme e alegria. Que sofrimento!

You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0 feed. You can leave a response, or trackback from your own site.

2 Comments »

 
  • betinha disse:

    nunca mais tinha lido astúcia de ulisses por falta de tempo, a
    chegada de eduarda foi uma revolução na minha vida tudo mudou e passei a viver só para ela.Não foi o que eu queria mas aconteceu e eu dexei as rédias soltas, estou tentando regatar novamente minha rotina, preciso do silêncio para alimentar meu espírito e este fazia tempo que nãopodia usufruir, assim como ler que me faz tão bem me renova me alimenta e me faz refletir, sonhar adoro, e astúcia de úlisses faz tudo isso para mim. São textos maravilhosos cheios de aprendizado,palvras que se tranformam em poesia para minha alma. Parabéns cada dia vc está melhor este é o seu caminho, fazer- nos seus díscipulos assim como tantos outros filosófos, principalmente neste mundo de tanto beterol. betinha

  • Betinha

    Mui grato pelas suas palavras.
    bjs
    antonio paulo

 

Deixe uma resposta

XHTML: You can use these tags: <a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <s> <strike> <strong>