O jogo das contratações: as desigualdades e os azares

 

Não há espaço homogêneo, onde a igualdade se definisse como a maior bandeira. As disputas estão, sempre, presentes. A solidariedade é rara, mas existe , evitando que a sociedade se demorone de vez. A competição atinge todas as relações, sobretudo quando se busca a vitrine e o sucesso. Está tudo dominado por um individualismo atuante e sedento.

No futebol, o mercado da bola não cessa de movimentar-se. Depois das polêmicas sobre a transferência de Neymar, continua o jogo das contratações e das dispensas. O Santos marcou um tento, garantindo sua estrela, contudo muita coisa rola. Os técnicos são alvos prediletos do vaivém. Leão caiu fora do Goiás. Seu trabalho fracassou. Mais um supense, sem muito espanto.

Cultivemos a proximidade. O Sport busca renovar seu time. Quer subir de posição. Trouxe Geninho e Marcelinho Paraíba, para firmar um ânimo mais consistente. No entanto, nem tudo está resolvido. Há carências, o time não ganha o lugar que a torcida quer. Nas mudanças, outros partem. Lá se foram Eduardo Ramos, Leandrão e Pedro Júnior. Reclamações esquentam o ambiente. O dinheiro se esvai, sem retorno.

O Santa Cruz, por sua vez, sente a fraqueza do elenco e teme fracassar na série D. Suas dificuldades são visíveis. Tentou contratar aqueles que saíram do Sport. Nada feito. O tricolor não tem caixa alta. Se perder as próximas partidas encerra, precocemente, seu ano de atividades. Os jogadores desconfiam da situação precária. Preferem não arriscar. O desemprego mete medo em todos.

As diferenças entre os clubes são notáveis.  Não há paraíso. Não se pode, porém, comparar a força do futebol paulista, com os poderes financeiros do futebol pernambucano. A luta é árdua. Salários atrasados, dirigentes reclamando, treinadores exigindo reforços. O jogo clama por resultados positivos. Quando as derrotas se sucedem, a desmontagem avança, sem perdão.

Os clubes não são empresas tradicionais. Mesmo os mais conhecidos passam por atropelos. Vejam o que acontece, agora, com o São Paulo e  o Atlético de Minas Gerais. A fama reverte contextos, mas traz problemas. Ronaldo sofre críticas pela demora em voltar à forma pretendida.  A cobrança é imediata. Isso faz gerar controvérsias e mágoas. Ele reclama da pressa. Exalta seu passado.

A coisificação é algo inegável. O mercado não é só o da bola. Ele é astucioso e gigantesco. Desfaz fronteiras. Penetra nas nossas moradias, manda emails cativantes, explora as descobertas com patrocínios milionários. A massificação é galopante. Há quem se choque com a insistência do consumo. No mundo da desigualdade visível, o dinheiro serve de instrumento para ascensões sociais.

 As fortunas repentinas são, muitas vezes, a porta aberta para deconforto inesperado. Os exemplos se multiplicam. Nem todos se tocam. Não é estranho, portanto, que os trabalhadores da bola se intimidem. Não querem o deserto, mas um boa sombra para assegurar o futuro. Tornam-se migrantes forçados a mudar de ares, quando nem começaram a respirar.

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