O relativismo e as andanças da verdade

 

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A modernidade  quebrou  tradições seculares. Aquelas hierarquias feudais se foram, para que a sociedade de classes se instalasse e as revoluções se tornassem animadores. Havia expectativas de transformações radicais. Não como há negar que a sociedade passou por mudanças importantes. Cada cultura incorporou valores com possibilidades de viver liberdades e duvidar de preconceitos. A história, porém, não é lugar de seguranças definitivas e de sonhos absolutos. As permanências incomodam, fazem frustrações, deixam de lado promessas, ameaçam congelar sentimentos.

O mundo atual vive contrapontos gigantescos. Há quem aposte na volta do fascismo. As teorias retomam princípios conservadores e os desenganos acontecem cotidianamente. A anunciada autonomia não se concretizou da forma esperada. Muitas culturas não fugiram de paradigmas passados e houve desconfianças com relação às provocações da modernidade. As verdades se multiplicaram, entrelaçando tempos, formalizando guerras. As religiões se abalaram, mas a morte de deus criou possibilidade para embates filosóficos que se arrastam pelas culturas. Nietzsche ainda é lembrado com irritações inimigas e elogios de seguidores fanáticos.

As homogeneidades não se fixaram. Não adiante buscar o fim do servilismo, se a verdade capitalista não se cansa de fazer vítimas. A queda das experiências socialistas inquietaram, pois parecia que um destino de exploração se sedimentava. Os debates continuam e as guerras não se ausentaram. Se a modernidade lançou agitações, rebeldias, discussões avassaladoras, o mais tradicionais não se intimidaram. Jogaram suas fichas na celebração da tecnologia, disfarçaram suas forças de dominação, derrubaram fantasias, festejam a quantidade de mercadorias luxuosas. a revolução se tornou um mito, o desamparo ganha espaço  e a instabilidade expulsa otimismos.

Quem está com a verdade?  Ela flutua perdida nos artigos e nas imagens fabricadas pelos meios de comunicação. É preciso não subestimar. As leituras da história são, muitas vezes, ingênuas. Valorizam conquistas, anulam ambiguidades que persistem e atiçam dúvidas. Construir a sociedade sem disputa é um desafio. Difícil acabar com as concepções que acendem o aumento dos privilégios para poucos. O silêncio é perigoso. Nada como renunciar ao desejo de relativizar, de reinventar cada ação e observar as traições das verdades ditas salvadores. Não fique estimulando juízos finais. Expulsar as discordâncias da convivência é uma armadilha que pode nos sacudir num apatia perversa. Suspeite, sem se desfazer da sua autonomia.

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1 Comment »

 
  • Rivelynno Lins disse:

    …e assim, sem esperanças, sem sonhos, sem perspectivas, sem trabalho, sem estabilidade, os corpos dispersos no mundo não contemplados por políticas públicas inclusivas perguntam o que fazer? Talvez, procurar um consultor de crises individuais que se multiplicam no mundo contemporâneo, cobrando fortunas para dar dicas idiotas e inúteis afirmando que a crise, as angústias cotidianas, como a falta de emprego e de possibilidades de crescimento é sua e de ninguém mais, foi vc que não se esforçou o bastante para melhorar de vida, afinal inúmeros exemplos te cercam, mostrando que o sucesso, o dinheiro, é possível a todos que por eles se esforçam. O nome deste profissional que criminaliza vc por tua vida e existência precária é o famoso coach. Ele cobra fortunas para te convencer de que o único culpado pelos desmandos do mundo é vc e muitos acreditam nas suas balelas inúteis. Mas é preciso voltar a história e seus ensinamentos sem fim, um dos principais, é o que mostra as transformações no mundo de forma ordenada, higienizada, rápida e eficiente através dos livros didáticos, contudo, o que se precisa observar é que aquela história ordenada nos livros é fruto da junção de muitos dias, anos, séculos e milênios de transformação, nada foi exatamente rápido e ocorreu do dia para noite, tudo foi maturado de forma lenta e gradual e em determinado momento eclodiu tendo infinitas causas como mote daquilo que se tornou história. Neste momento, a falta de esperança e de sonhos volta a reunir corpos marginalizados a conspirar novamente pela igualdade social, quando seus propósitos serão alcançados, ainda é incerto, mas a pedagogia histórica mostra que nenhuma opressão é para sempre e novos horizontes sempre surgem no tempo e no espaço, vamos aguardar as energias da revolução eclodirem, as vezes, não vivemos o suficiente para vê-las, as vezes, temos a chance de vivencia-las em toda a sua plenitude. E assim, caminhamos as incertezas da nossa existência…

 

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