Macondo: Quem escreveu o amor no mundo?

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Cem anos de solidão não distrai a existência do amor. Talvez , o torne mais repleto de fantasia. Gabriel García deve ter uma resposta. Macondo era o reino de todos os acasos, tinha uma magia assombrosa. Mesmo com os desfeitos, não havia como não  voar nos afetos. Os mistérios eram muitos, as guerras pareciam acasos. Mas não há como negar que tudo lembra que somos incompletos e desejamos sempre buscar eternidades. Assim, são amores que surgem, se vestem, pedem nudez e vão. E as memórias que fogem desenhando paraísos? Gabriel imaginou o mundo, viveu dias de solitárias passagens e se agarrou com o épico.

Inventar o amor não é um desafio? Hoje, há quem o procure envolto em objetividades. Contam-se histórias com metodologias que provam que os amores flutuam,  porém possuem concretude. Acho o  debate, muitas vezes, insano  marcado por racionalidades exageradas. Observo que a sociedade pede modas. Gosta do efêmero, embora sofra e agonize. A literatura não se acanha. Traz sentimentos confusos, porém há quem queira distingui-los, classificá-los. Não faltam teorias, conceitos e pretensões. Gabriel não corria em territórios tão exatos. Soltou as palavras como pássaros que imitam sonhos ou anunciam a chegada de ciganos.  Adivinhou a metáfora esfinge.

A sofisticação nas determinações pode cansar. Estão certos os poetas. Para que encontrar a verdade e construir saberes? Melhor é o risco, sacudir fora o delírio e conversar com as ditas loucuras de Nietzsche. Não se fecharam as portas quando Deus puniu Adão e Eva. No entanto, não custa menosprezar as atitudes divinas. Ele tem imensas pretensões de poder e não argumenta com sinceridade. Para que criar o pecado original? Deus nunca foi a Macondo e nem conheceu Amaranta. Suas imagens de salvação encheram o mundo de religiões. A expansão dos dogmas trouxe pesadelos e orações nada leves. As mortes se sucedem mostrando que os limites forçam a estimular desistências.

Cem anos de solidão configura encantos. Se há absurdos, não sei. Existem leitores que morrem nas andanças gramaticais, adormecem nas vírgulas e invejam os amores que abraçam os desesperados. Esquecem que é preciso não abandonar a possibilidade. Sentem-se frustrados, porque desconhecem o mundo que se assanha nos labirintos pouco habitados. Visitam os livros para compensar seu desenganos. A escrita do amor não sossega. Gabriel nunca se afastou das idas e das vindas. Ser linear é fugir das aprendizagens. Não é toa que a massificação das ideias destroça a imaginação. Há quem se aprisione e desconheça as surpresas da ousadia. Nem todos se aventuram a ser testemunhos do quem não tem sentido, mas inquieta sem olhar para o eterno se fez pedra.

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