Cunha, Nietzsche, Marx: aprendizagens

A burguesia não se acanhou. Colocou  o bloco na rua e continua no carnaval da grana sem cerimônia. O mundo não pertence, apenas, à burguesia. Ela toma sustos, vacila, muda planos. Inexistem dominações absolutas. Cunha parecia eterno. Dançou ou delirou? Os espaços do sonho e da rebeldia, porém, não se foram. As desigualdades causam transtornos, sacodem sentimentos,agitam os marginalizados. A Revolução Francesa foi eletrizante. Derrubou tradições, diminuiu privilégios. No entanto, o capitalismo mantém explorações. A burguesia promete liberdade, riqueza, consumos. Nem todos podem se aproximar das vantagens. A história é mesmo um espaço de luta, sem anular as ambiguidade e os medos.

É importante dialogar com o passado. O presente não resume as questões, vive lacunas, desconhecimentos que comprometem a sociabilidade.Volto ao século de XIX. As indústrias buscam ampliar mercados.Surgem críticas e insatisfações. O romantismo se recusa a admitir certas prioridades da burguesia. Marx detona. Escreve com rara habilidade. Cria uma obra que não se esgotou. Mostra a força do trabalho, as manobras capitalistas e anuncia a revolução. Seus textos são detestados pelas minorias autoritárias. Não podemos negar os efeitos das utopias no desmanche das repressões celebradas pelo capital. Assustam os egocêntricos.

Muitas reflexões favorecem a um pensamento que exalta a ciência. Queriam reformar o mundo com tecnologias, inventar máquinas, influir na circulação de mercadorias. O positivismo de Comte possui, ainda, muitos adeptos. Os encantos com a ordem e o progresso formam seguidores. Mas há reações. O samba de uma nota só não sobrevive. O socialismo grita, se arruma, constrói contrapontos, encontrar frustrações. Outras maneiras de ver a sociedade e a culturas se apresentam. A heterogeneidade compõe suas sinfonias sociais, abre corações, denuncia miséria e fragilidades. Nietzsche faz parte do grupo que se incomoda e propõe inquietações profundas. Não despreza as releituras.

Nietzsche não perdoa as artimanhas da cultura ocidental. Formula críticas ao cristianismo e ao platonismo. Não admite deuses que sufocam o humano, exalta a arte e exige que certas ingenuidades se desfaçam. Teve pouca compreensão do seu tempo. Hoje, é difícil encontrar um pensador que não se alie com sua ideias. A rebelião de 1968, em Paris, compactua com a imaginação, entusiasma-se com a estética, nos faz recordar Nietzsche. E Foucault, Ricoeur, Deleuze não bebem também do vinho de Dionísio? As concepções não ficam estáticas. Não há paralisia. As respostas desenham palavras instigantes.

Os contraponto não abandonam a história. Gosto de reconfigurar as arquiteturas de cada época. Já acusaram Nietzsche. Interpretaram sua obra, promovendo preconceitos. As verdades se invertem, os conflitos transformam situações. Não custa desconfiar das novidades descartáveis.  Nietzsche não morreu, circula, tornou-se pop. Há quem o enalteça envolvido em modismos.  Quem assumiria uma prática de vida seguindo as trilhas de Nietzsche? Para além do bem e do mal, talvez haja outras interpretações e significados. O hoje não morre sem olhar o que passou. Cunha, talvez, nunca tenha lido Nietzsche e Marx. O seu grupo de estudo tinha a presença de Temer. Ficaram fixados na história de Carlos Margens. Aprendizagens que identificam histórias.

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