(Des)caminhos e vozes que não se calam

As respostas parecem não existir. As perguntas são muitas. Correm o mundo, atiçam movimentos inesperados. Não há só  guerras soltas assustando populações. As tiranias continuam mandando as ordens. Veja o caso recente da posse do governo chinês. Os privilegiados fecham os olhos. Ambicionam fazer negócios, desviam suas atenções e nem ousam discutir por onde caminha a liberdade. O pragmatismo fortalece-se numa velocidade assombrosa. Retira a ética das discussões, exalta benefícios e instalações de fábricas, não liga paras péssimas condições de saúde e a propagação da violência globalizada. Tudo está mesmo no desmanche que os dominantes seguram com o fascínio do cartão de crédito.

Obama venceu. Sabe que as dificuldades são grandes. A crise dura, sacode a Europa, está disfarçada em outros lugares. Os Estados Unidos sentem peso das despesas militares. Como se desfazer delas, sem afetar a famosa indústria bélica? Os republicanos perderam as eleições para presidente, porém possuem força de pressão que incomoda. O conservadorismo persiste. A história não se muda com especulações ou projetos de estatísticas para justificar a concentração de riqueza. O capitalismo anda com cuidado. Não está no estado terminal. Sente que as epidemias sociais podem fragilizá-lo, por isso respira em busca de fetiches.

Com desemprego subindo, países europeus perderam o rumo. Os governos tomam medidas para suspender antigos direitos. Não se apagam os conflitos no Oriente Médio. A reação se mostra nas ruas. Há sinais de lutas mais agudas. As multidões se movem, percebem o tamanho do abismo, a centralização das possíveis soluções. Não se incentiva o diálogo, ninguém fala em tradição democrática. Volta a socialização das perdas. Quem ganha não quer sair do circuito. A rebeldia não é aceita e  é reprimida de forma frequente. Se não há como conversar. O labirinto se estende e invade todos os espaços.

Há também festejos de euforias. Muitas ilusões, números fantásticos, desenvolvimentismo celebrado, atmosfera de disputas anunciadas na terra brasileira com uma antecedência que provoca desconfianças. Mas há problemas sérios. Com certeza não curtimos o melhor dos mundos. Recentemente, um ministro ressaltou as condições indignas do sistema penitenciário.Um inferno que ensina a não valorizar nada. Não é à toa que  a polícia observa o crescimento dos assassinatos em cada esquina. As organizações criminosas espalham-se com estratégias inesgotáveis. A perplexidade é geral. Quem comemora tanto desacerto e insegurança? Quem se abastece com essa instabilidade?

A burocracia engessa as ações nas instituições públicas. A corrupção continua na faixa dos milhões, mas há impasses quando se precisa de uma borracha ou de um carimbo. A educação se arrasta, os esgotos afloram nos asfaltos, os hospitais carecem de quase tudo, mas na inauguração de um shopping center há uma colossal animação. A seca está inflexível, como sempre. Obras ditas milagrosas sofrem de paralisia. Aumentam-se as aflições, contudo o sucesso é vender motos e automóveis. Devemos cultivar a ideia de denunciar para alargar os ruídos inquietos A sociedade tem sua luta, não é a moradia de poucos. Quando se esticam as tensões, as máscaras do cinismo se estragam de vez.

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2 Comments »

 
  • Manuela Arruda disse:

    É tanta injustiça e desamor que assola o nosso meio…
    E os estudiosos da mente humana escrevem laudas e laudas pra tentar explicar o porquê de tanta depressão e tanta síndrome do pânico. Nas escolas tem sido cada vez mais alarmantes o número de professores afastados por problemas psicológicos. O estado silencia.
    Como é possível permanecer lúcido nesse contexto?

  • Manuela

    Nossa época possui muitas dissonâncias, mas há espaços. Temos nossas ideias e compromissos.
    abs
    antonio

 

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