A longa trilha do sentido: a poeira do mundo

Quem estuda história gosta da falar do tempo. Possui, muitas vezes, uma visão seca e positivista, mas não deixa de se enquadrar nas famosas fases que marcaram as aventuras humanas mais grandiosas. Sou desconfiado. Estudo e ensino história levitando. Olho outras coisas. Observo as ambiguidades, as violências, as mitologias, todas cheias de dúvidas crescentes. Há historiador que se apresenta com a intenção de resolvê-las. Cerca-se de métodos, não despreza Descartes , nem Comte e segue adiante. Mora na teia da aranha, sem fugir da poeira, embaixo da mesa de jantar..

Pensar a história sem pensar o tempo, não parece muito sério. Os amigos da linha reta não abandonam o progresso. Arrumam sentidos, adoram adivinhar a trilha da salvação. Coloco a desconfiança em cena. Vejo o caos. o desencanto. Nada de forma absoluta, porém não posso negar que os conflitos se espalham e que as estradas são curvas. Use metáforas para compreender o mundo e não seja um realista radical. Não inveje quem cria e organiza ordens. A mesquinhez se reproduz sem cessar.Tente ultrapassar o limite, para evitar a mesmice que envolve a maioria. O desconforto não deve ser cultivado. Ele aprofunda a dor.

O tempo é sinal de entrelaçamento. Visite o passado, vá atrás das profecias, não risque a imaginação. Reafirmo, sem medo, quanto mais arrogância e dureza possuem certos intelectuais, com certeza estarão vestidos de inseguranças que escondem com astúcia. A história nunca terá um desenho definitivo. Contemple sua rua pela janela, ou deite-se para refletir sobre os desencontros da sociedades. Passado, presente, futuro estão se movimentando. Uns demonstram um apego pelas ciências, outros um desprezo pelas companhias mais próximas, alguns não cansam de andar na frente do espelho. Talvez, busquem um charme esquisito.

Amarrar a história com um único sentido é ser fanático pelo pecado original. Sou solidário a Adão e Eva, não quero anular o desejo. Se os deuses lutam pelo poder, nós, aqui, também fazemos operações que revelam a mistura como eixo. Pergunto-me: os deuses têm religião? A mitologia me responde perguntas que Malafaia não pode responder. Sinto que a lei da gravidade está caindo no abismo. A sociedade promove a inveja, a mídia os escândalos e há bilhões de dólares flutuando. Tanta gente atrás de um abraço, outras medindo o tamanho do cofre. O sentido, sem fôlego, diverte-se com  as assombrações do pesadelo final. Não me sossego: não sei onde esqueci o perfume do acaso.

P: Volto com nova postagem no sábado próximo

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