As escritas das histórias, os ritmos do impossível

 

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A escrita tem um ritmo. Não pense que a palavra não dança. Imagine. Ela está sempre viva, depende  dos diálogos de quem a lê. É preciso  não celebrar apatias quando as histórias estão sendo contadas. Quem se esconde, apaga o fogo da palavra. Portanto, é um erro desprezar seu movimento coletivo. Visitar Calvino, Mia, Paz, Drummond  ajuda a compor seus ritmos. Um texto linear arruína o ânimo. A escrita se expande quando seu sentido coletivo cria recepções constantes. As leituras nunca devem ser únicas e solitárias.São incansáveis quando as palavras testemunham o inesperado da vida e a abertura da porta anuncia a possibilidade de não desfazer a coragem.

Cada desenho da escrita revela as saídas possíveis dos labirintos. Cabem escolhas  para que as portas se abram. Os labirintos não possuem desenhos comuns. Lembram impasses, escuridões, mas as luzes podem aparecer. Nada é definitivo, as adivinhações espantam monotonias. O ritmo pede, às vezes, pressa. Há tristezas, olhares  atentos. As palavras são múltiplas nos seus significados. Nem todos conseguem compreendê-las. Muitos se perdem, menosprezas as ficções. Ditam exatidões que amortecem o desejo de ampliar espaços e viajar em tapetes mágicos

Quem silencia nem sempre está ausente da escrita. Ela também faz suas moradias em lugares imprevisíveis. Nos sonhos , as escritas se reinventam, se vestem com alegorias. Ficam dúvidas. Não há escrita que esgote as história da vida. Surgem mundos que pareciam terminados ou mortos. Quem sente que as palavras não abandonam suas ousadias, transforma-se. Cada minuto diz alguma coisa diferente e o passado não sepultou todas suas lembranças. Não há quem decrete o juízo final com certezas. As instabilidades são grandes, elas movem fatalidades e empurram o lixo para os abismos.

As brincadeiras retomam os mitos. Há sempre uma origem cogitada, um inconformismo que inquieta. Não é sem razão que as religiões não cessam de buscar o sagrado. Estão tontas diante de tecnologias que emudecem lendas e destronam deuses. A arte também sofre com as manipulações do mercado. Tudo se vende e se destroça. As escritas contabilizam números, inutilizam encantos, caem num ritmo mecânico. Não esqueça, porém, das brechas. Somos aventureiros do absoluto, com fragilidades inesgotáveis. Não sonegue o sangue que corre nas veias e se abraça com as palavras. Assim, a escrita foge dos pântanos e seus bordados arquitetarão os desenhos do circo que não se afundou para homenagear as alegrias. A metáfora torna a vida uma ilusão inexplicável.

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