O capitalismo, o pão e o circo, os desmontes

Competir é uma palavra poderosa. Como conceber o capitalismo sem desigualdade, sem raivas dos outros e desejo de ser vitorioso? Não simpatizo nada com a ideia de ordem e progresso, de planejamentos obscuros, de consultorias oportunistas. Fico espantado como alguns vibram e enaltecem a grana. Sinto que a sociedade adota a desigualdade e enalteça teorias que produzem misérias. Nem todos entram, contudo,na dança da mais-valia. Se houvesse a mesmice permanente, Adão e Eva não teriam desobedecido. A história acende também rebeldias, intranquilizando os conservadores e fanáticos por crenças danosas. Sem alegria e crítica cairíamos num abismo profundo, o espanto nos conduziria sem perdão ao que parecia impossível. Somos projetos abertos. Um dia pode significar um transtorno inesperado num mundo que derrubou fronteiras e se perde na escolha de paradigmas.

Acontecem espetáculos e as expectativas são muitas. Discordâncias explodem nas redes sociais. O país na miséria gastando bilhões com divertimento. Isso toca e tira o sono. No entanto, como viver sem brincar, sem sorrir, com culpas medonhas? A reflexão é fundamental. Apoiar desgovernos é uma esquizofrenia. Celebrar euforias sem medidas pode trazer manipulações. A vida não deve ter um único tom, nem a ingenuidade é a salvação. A política é cheia de pedras escorregadias. Há medos, frustrações, desamparos. É preciso se localizar. O capitalismo ágil, voa no meios de relâmpagos, mora em lugares estranhos, no beco mais próximo, dorme abraçado com o cinismo. Gosta de grupos especializados e adora curtir máscaras sem consciência.

Quando era adolescente escutava que o capital não tem pátria. Continuo ouvindo.  Mas como sobreviver diante de tantas armadilhas? É uma pergunta que  estende a agonia. Perder os afetos é um suicídio. Promover tensões cotidianas é optar pelo desprezo  ou mergulhar nas melancolias. Viver sem o sorriso, sem o abraço, sem o envolvimento com o coletivo cria solidão sem remédio. A sociedade da competição é articulada, possui senhores malabaristas e quer perpetuar o egocentrismo. Exagera no cinismo e inventa a novidade inútil. A segurança balança, sem conseguir se firmar. Nem todo poço tem fundo e o desmonte violento das instituições quebra o social. Não é sem razão que existem Janaínas protegidas por um Deus desencantado.

Criticar o capitalismo dentro capitalismo é um desafio. Há que tenha práticas e discursos estranhos. Escutam uma coisa e elogiam outras. São astuciosos e pouco se ligam com o lixo que invade a sociedade. Portanto, não se pode apagar o que se faz com facilidade. Se o capitalismo opta pela negação da solidariedade, vamos ao ataque com práticas que multipliquem as reflexões e  incomodem. Não adianta sugerir mudanças e esquecer a prática. Não podemos assumir a culpa por tudo que se movimenta na sociedades. Os contrapontos não existem em vão.A história não é lugar de deslumbramento, quando a maioria sofre por não ter refúgio. A estrada da vida não é única

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